Francisco vai visitar o Túnel da Freternidade e assinar declaração conjunta com o grande imã de Jacarta
O Vaticano apresentou a viagem apostólica do Papa Francisco, que começa esta segunda-feira, a quatro países – Indonésia, Papua-Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura – de dois continentes – Ásia e Oceânia -, entre 2 e 13 de setembro e que é a mais longa do seu pontificado.
Esta manhã, domingo, 1º dia de setembro, o Papa Francisco chegou à Basílica de Santa Maria Maior e ficou em oração, como sempre, diante do ícone da Virgem Salus populi romani, confiando-lhe a sua próxima Viagem Apostólica à Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura.
“Dificilmente faltará a referência ao meio ambiente. São países entre o oceano e o céu, mares e montanhas, minerais preciosos, florestas. Podemos esperar uma reflexão sobre o cuidado com a Criação e a vida digna do homem”, disse o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, esta sexta-feira, citado pelo portal ‘Vatican News’.
A viagem tem quatro passagens por Jacarta (Indonésia), de 3 a 6 de setembro; Port Moresby e Vanimo (Papua-Nova Guiné), de 6 a 9 de setembro; Díli (Timor-Leste), de 9 a 11 de setembro; e Singapura, de 11 a 13 de setembro.
Na Indonésia, a primeira paragem da viagem pontifícia, destacam-se dois momentos simbólicos, a visita à mesquita Istiqlal, “o maior edifício de culto islâmico do Sudeste Asiático”, que foi projetada na década de 1950, por um arquiteto cristão e que a partir de 2019 ficou ligada à Catedral da Assunção pelo “túnel da fraternidade”, que pretende ser um sinal de incentivo à fraternidade entre as duas comunidades religiosas.
Francisco vai visitar o ‘Túnel da Fraternidade’, com o grande imã de Jacarta, com quem vai também assinar uma Declaração Conjunta, na esteira do Documento sobre a Fraternidade Humana de Abu Dhabi, num segundo momento simbólico.
Depois, o Papa também leva “uma palavra de conforto ou encorajamento” à Papua-Nova Guiné. No encontro com os jornalistas, onde foi apresentada a viagem, foram lembrados os deslizamentos de terra e conflitos tribais.
Na viagem mais longa do pontificado de Francisco, “sonhada” para 2020, adiada devido à pandemia Covid-19, que inclui 44 horas de voo, percorrendo mais de 32 mil quilómetros, quatro fusos horários, o Papa vai proferir 16 discursos – 4 na Indonésia, em italiano; 5 na Papua-Nova Guiné, em italiano; 4 em Timor-Leste, em espanhol; 3 em Singapura, em italiano – podem ser incluídos tópicos a temas como o acolhimento de refugiados, que vai encontrar pessoalmente desde o início da viagem, ou o flagelo dos abusos sexuais, como perguntaram os jornalistas.
“O Papa dirigir-se-á às igrejas dos vários países, instando-as a viver o Cristianismo, que não deixa espaço para certos crimes”, disse o diretor da Sala de Imprensa.
Esta viagem Ásia-Pacífico de Francisco não é, contudo, a mais longa da história das viagens papais. São João Paulo II fez uma viagem de 13 dias e percorreu 48.974 km, em 1986, o Papa polaco passou pelo Bangladesh, Singapura, Fiji, Nova Zelândia e Austrália.
O Papa argentino vai agora passar por territórios que foram visitados por Paulo VI e João Paulo II, no início dos anos 70 e o final dos anos 80, do século XX.
“Viagens cheias de encontros nos quais a Igreja mudou de rosto; muitos jovens, muito tempo dedicado ao clero”, recordou Matteo Bruni.
O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé assegurou que “não há preocupações adicionais com a saúde do Papa”, que vai ter um médico e dois enfermeiros, para além do assistente pessoal de saúde Massimiliano Strappetti.
“Os protocolos de saúde já em vigor em cada Viagem Apostólica são considerados suficientes”, realçou.
O cardeal Luis Antonio Tagle, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização (Santa Sé), vai participar nesta viagem e os outros cardeais e arcebispos dos vários países, referiu o responsável,
Papa vai presidir a Missa com orações em oito línguas
A Eucaristia, a que o Papa vai presidir em Timor-Leste, no dia 10 de setembro, conta com orações em português, tétum e outras seis línguas locais, adianta o Missal da viagem, publicado pelo Vaticano.
A celebração central da viagem vai decorrer em Tasi Tolu, o mesmo local que acolheu o Papa João Paulo II a 12 de outubro de 1989, na primeira visita de um pontífice ao território, antes da independência timorense. Recorde-se que o país completa por estes dias 25 anos sobre a realização do referendo que levou a independência do país.
A Missa tem início às 16h30 locais (08h30 em Lisboa), com a participação de milhares de pessoas, que vão rezar em macassai, mambai, búnaque, galóli, baiqueno e fataluco, algumas das línguas faladas pela população timorense.
“Pelo nosso país: para que, vivendo com alegria a fé na nossa cultura, possamos construir uma sociedade baseada na justiça e na fraternidade”, pede uma das orações, divulgadas no Missal da visita apostólica.
Francisco vai estar em Jacarta (Indonésia) de 3 a 6 de setembro; em Port Moresby e Vanimo (Papua-Nova Guiné) de 6 a 9 de setembro; em Díli (Timor-Leste), de 9 a 11 de setembro; e Singapura, de 11 a 13 de setembro.
O lema da visita a Timor, ‘Que a vossa fé seja a vossa cultura’, é apresentado como “exortação e encorajamento para se viver a fé de harmonia com a cultura, segundo as tradições do povo timorense”.
Timor-Leste, com mais de 95% de católicos na sua população, é um dos únicos países asiáticos onde a Igreja Católica é maioritária, juntamente com as Filipinas.
Além das visitas à Terra Santa e Médio Oriente/Península Arábica, o Papa fez várias viagens à Ásia oriental desde o início do pontificado: Coreia do Sul (2014), Sri Lanka e Filipinas (2015), Myanmar e Bangladesh (2017), Tailândia e Japão (2019) e Mongólia (2023).
(Com Ecclesia e Vatican News)