Francisco cumpre promessa de visitar países marcados por conflitos, exploração e deslocações internas
O Papa iniciou hoje a sua quinta viagem a África, para cumprir a promessa de visitar a RD Congo e o Sudão do Sul, viagem adiada em julho de 2022, devido a problemas de saúde.
“Essas terras são provadas por longos conflitos: a República Democrática do Congo sofre, especialmente no Leste do país, pelos conflitos armados e pela exploração; enquanto o Sudão do Sul, dilacerado por anos de guerra, não vê a hora que acabem as contínuas violências que obrigam tantas pessoas a viver deslocadas e em condições de grande sofrimento”, disse Francisco, este domingo, numa mensagem às populações dos dois países, desde o Vaticano.
O voo da Ita Airways partiu às 08h29 (menos uma em Lisboa) do aeroporto de Fiumicino, tendo o Papa embarcado em cadeira de rodas, com a ajuda de um elevador especial.
Antes de deixar a Casa de Santa Marta, Francisco encontrou-se com uma dezena de migrantes e refugiados, provenientes da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul, acolhidos pelo Centro Astalli, em Roma, e acompanhados pelo prefeito do Dicastério para o Serviço da Caridade, cardeal Konrad Krajewski.
Já ao chegar ao aeroporto de Fiumicino, o carro que transportava o Papa parou brevemente na proximidade do Monumento aos Caídos de Kindu, os 13 aviadores italianos mortos no Congo, a 11 de novembro de 1961.
“O Papa Francisco dedicou uma oração às vítimas daquele sangrento massacre e a todos aqueles que perderam a vida participando nas missões humanitárias e de paz”, informa o portal de notícias do Vaticano.
A chegada a Kinshasa está marcada para as 15h00 locais (menos uma em Lisboa), seguindo-se os tradicionais encontros com as autoridades políticas e representantes da sociedade civil, no ‘Palácio da Nação’ (17h30 locais).
Francisco vai percorrer, no total, 12 mil quilómetros, com quase 17 horas de voo.
O Papa referiu, este domingo, após a recitação do ângelus, que a viagem tem uma segunda etapa a partir de sexta-feira, no Sudão do Sul.
“Chegarei juntamente com o arcebispo de Cantuária [Justin Welby, Igreja Anglicana] e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia [Jim Wallace, Igreja Presbiteriana]: viveremos assim juntos, como irmãos, uma peregrinação ecuménica de paz”, indicou.
Na última semana, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse em conferência de imprensa que a agenda inclui encontros com vítimas de violência e deslocados internos, em países marcados por confrontos, nos últimos anos.
Segundo o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, apesar das medidas de segurança, não foi registada “nenhuma ameaça específica” relativamente a esta deslocação.
O programa nos dois países, onde os católicos representam cerca de 50% da população, prevê 12 discursos e homilias, em seis dias.
A 40ª viagem do pontificado vai fazer do Papa o primeiro a visitar o Sudão Sul, independente desde 2011, e o segundo a deslocar-se à República Democrática do Congo, onde São João Paulo II esteve por duas vezes (1980, 1985).
Francisco vai deslocar-se em carro aberto, durante os vários compromissos, encontrando-se com representantes de instituições políticas, igrejas sociedade civil.
O Vaticano destaca o encontro com vítimas do conflito na parte oriental da RD Congo e pessoas deslocadas internamente do Sudão do Sul.
Matteo Bruni aponta à Missa de 1 de fevereiro, no aeroporto Kinshasa-Ndolo, como um dos pontos altos da viagem, numa área que deve acolher cerca de um milhão e meio de pessoas.
O palco onde a celebração será realizada é o maior já construído na República Democrática do Congo, equipado com um elevador para facilitar as movimentações do Papa.
Esta será a quinta viagem de Francisco ao continente africano, onde esteve em 2015, 2017 e 2019, por duas vezes, tendo passado, entre outros países, por Moçambique.
(Com Ecclesia)