A visita à Colômbia é a primeira viagem ao estrangeiro do Papa depois de Fátima. Papa leva «mensagem de esperança» para país à procura da paz
O Papa Francisco iniciou hoje a sua primeira visita à Colômbia, na qual vai evocar os 8 milhões de vítimas da guerra civil que há mais de 50 anos afeta o país sul-americano.
A 20ª viagem internacional do pontificado inclui uma “grande vigília” de oração pela reconciliação nacional, marcada para a tarde de sexta-feira no Parque Las Malocas, em Villavicêncio, cerca de 120 km a sudeste de Bogotá, capital colombiana.
Os participantes vão evocar o sofrimento das famílias e comunidades afetadas pelo conflito armado, “marcado pelo sangue e a dor de mais de 8 milhões de vítimas”, adianta o Missal oficial da visita apostólica.
Em causa estão “984 507 homicídios, 166 407 desaparecidos, 16 340 assassinatos seletivos, 1982 massacres, 35 092 sequestrados, 19 684 vítimas da violência sexual, 6421 casos de recrutamento forçado e 12 000 amputados”.
Antes da vigília, o Papa vai presidir também em Villavicêncio à Missa de beatificação de D. Jesús Emilio Jaramillo Monsalve, bispo colombiano assassinado por guerrilheiros em outubro de 1989.
O bispo de Arauca foi torturado e morto por membros do ‘Exército da Libertação Nacional’ (ELN), da Colômbia, numa zona rural, onde se encontrava em ação missionária.
O governo da Colômbia e os representantes do ELN acordaram um cessar-fogo bilateral, com início marcado para 1 de outubro.
Francisco vai também beatificar o padre Pedro Maria Ramírez Ramos, diocesano, morto a 10 de abril de 1948 em Armero, na sequência da revolução do ‘9 de abril’, após o assassinato de Jorge Eliecer Gaitán, candidato à presidência da República.
A viagem prevê 13 intervenções do Papa, nas cidades de Bogotá, Villavicêncio, Medellín e Cartagena.
A chegada à área militar (CATAM) do Aeroporto de Bogotá está prevista para as 16h30 locais de hoje (21h30 nos Açores).
A rota do voo foi alterada antes da partida, para evitar o furacão Irma.
Na tarde de terça-feira, o Papa Francisco dirigiu-se à Basílica Santa Maria Maior, onde rezou diante do ícone da ‘Salus Popoli Romani’, “confiando a Virgem Maria o bom êxito de sua viagem”, informou a Rádio Vaticano.
O programa de quinta-feira decorre na capital colombiana, com encontros com autoridades civis e com os bispos católicos da América Latina, antes da Missa no Parque Simón Bolívar
Depois das celebrações de beatificação e pela reconciliação nacional, em Villavicêncio, a viagem prossegue no sábado, em Medellín, cidade ligada aos cartéis do narcotráfico, para a Missa no Aeroporto Enrique Olaya Herrera de Medellín e encontros com responsáveis religiosos.
A visita conclui-se na cidade de Cartagena, onde o Papa vai abençoar a primeira pedra de casas para os sem-abrigo e da obra ‘Talitha Qum’ (contra o tráfico humano), antes do ângelus diante da igreja de São Pedro Claver, jesuíta espanhol que se distinguiu na defesa da dignidade dos escravos vindos de África.
Francisco vai visitar a Casa Santuário de São Pedro Claver, falecido em Cartagena, em 1654, aos 73 anos de idade.
A última celebração da viagem é a Missa na área do Porto de Contecar; o regresso a Roma começa na tarde de domingo, estando a chegada à capital italiana prevista para as 12h40 (menos uma em Lisboa) de segunda-feira.
Francisco recorreu à sua conta ‘@pontifex’ na rede social Twitter para se dirigir aos seus seguidores: “Caros amigos, por favor rezem por mim e por toda a Colômbia, aonde irei para uma viagem no marco da reconciliação e da paz”.
Antes de deixar a Casa de Santa Marta, no Vaticano, o Papa cumprimentou duas famílias, cujas casas forma atingidas por um incêndio na zona de Ponte Mammolo, Roma, e que estão a ser ajudadas pela Esmolaria Pontifícia, da Santa Sé.
A 20ª viagem internacional do pontificado é acompanhada por mais de 70 jornalistas a bordo do voo papal.
Francisco falou aos profissionais dos meios de comunicação social, referindo que esta é “uma viagem para ajudar a Colômbia a prosseguir no seu caminho de paz”.
“Também sobrevoaremos a Venezuela: peço-vos uma oração pela Venezuela, para que possa existir o diálogo com todos. Obrigado pelo vosso trabalho”, acrescentou.
(Com Ecclesia e Lusa)