Por Renato Moura
Há circunstâncias no tempo que podem levar a considerar as afirmações como tendenciosas, ou, pelo menos, especialmente sensíveis. Isso leva agora a não usar da liberdade de partilhar opiniões próprias, mas deixar à consideração conceitos.
A escolha recaiu no Papa Francisco, pelo facto de, para além da função, isento de sectarismos, ser um pensador preocupado em ajudar toda a humanidade.
Francisco, na sua Carta Encíclica «Fratelli Tutti» dedicou um capítulo à “Política Melhor” e justificou “É necessária a política melhor, a política dedicada ao serviço do verdadeiro bem comum” e explicava “Pode-se pensar em objectivos comuns, independentemente das diferenças, para implementar juntos um projecto compartilhado; enfim, é muito difícil projectar algo de grande a longo prazo, se não se consegue torná-lo um sonho colectivo”.
A propósito da divisão binária «populista» ou «não populista», afirmou então com clarividência: “Já não é possível que alguém manifeste a sua opinião sobre um tema qualquer, sem tentarem classificá-lo num desses dois polos: umas vezes para o desacreditar injustamente, outras para o exaltar desmedidamente”.
O nosso Papa, o mês passado, de visita à Grécia, recordou que ali nasceu a democracia e falou da “União Europeia e do sonho de paz e de fraternidade que ela representa para tantos povos”. Cuidou de vincar: “Não podemos deixar de notar com preocupação como hoje, e não apenas na Europa, estamos testemunhando um retrocesso da democracia” e insistiu “Em algumas sociedades, preocupadas com a segurança e entorpecidas pelo consumismo, o cansaço e o descontentamento podem levar a uma espécie de cepticismo em relação à democracia”.
Francisco deu a receita: “O remédio não está na busca obsessiva de popularidade, na sede de visibilidade, na enxurrada de promessas irrealistas ou na adesão a formas de colonização ideológica, mas na boa política”.
O Sumo Pontífice lembrou a declaração, em 1949, de Alcide De Gasperi, um dos fundadores da União Europeia: “Fala-se muito de quem se move para a esquerda ou para a direita, mas o decisivo é avançar, e avançar significa avançar em direcção à justiça social”. De Francisco cito ainda: “Ajudemo-nos uns aos outros para passar do partidarismo à participação; do compromisso de apoiar apenas o nosso partido até ao envolvimento activo na promoção de todos” e “A política é, e deve ser na prática, um bem, como responsabilidade suprema dos cidadãos e como arte do bem comum”.
Quando assim, dentro ou fora das campanhas eleitorais, é «boa política».