Papa associa-se a primeira jornada internacional de oração e sensibilização promovida pela Igreja Católica
O Papa denunciou hoje no Vaticano a “chaga vergonhosa” do tráfico de pessoas, associando-se ao primeiro Dia Internacional de Oração e Sensibilização sobre este tema, promovido pela Igreja Católica.
“Encorajo todos os que estão empenhados em ajudar homens, mulheres e crianças escravizados, explorados, abusados como instrumentos de trabalho ou de prazer, muitas vezes torturados e mutilados”, declarou, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a recitação do ângelus.
Francisco desafiou todos os que têm responsabilidades políticas a “agir com decisão para remover as causas desta chaga vergonhosa”, que é “indigna de uma sociedade civil”.
Esta jornada, a que a Igreja Católica em Portugal se associou, acontece no dia da festa litúrgica de Santa Josefina Bakhita (1868-1947), uma escrava sudanesa que, após ser libertada, entrou para a Congregação das Filhas da Caridade – Canossianas Missionárias e que foi canonizada pelo Papa João Paulo II no ano 2000.
Francisco recordou que a religiosa fez a “dramática experiência de ser vítima do tráfico” de pessoas desde menina.
“Que cada um de nós se sinta comprometido a ser voz destes nossos irmãos e irmãs humilhados na sua dignidade. Rezemos por eles e pelos seus familiares”, pediu o Papa.
A jornada de oração e reflexão é promovida pela União Internacional dos Superiores Gerais dos institutos religiosos masculinos e femininos e por vários organismos da Santa Sé.
O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI) refere em comunicado enviado à Agência ECCLESIA que esta iniciativa pretende ir ao encontro das interpelações que o Papa tem deixado a respeito desta questão.
Francisco, assinala o CPPMI, tem reforçado a necessidade de lutar contra um fenómeno que constitui “um crime contra a humanidade”, de todos os quadrantes da sociedade “unirem esforços a favor das vítimas” e de acabar com uma prática que “tem sido cada vez mais agressiva” e ameaça não só as pessoas como os valores que estão na base da sociedade”.
Segundo o organismo da Santa Sé, “o tráfico humano é um dos piores tipos de escravatura que ainda subsistem no século XXI” e atinge atualmente cerca de 20 milhões de pessoas.
“Cada ano, cerca de 2,5 milhões de pessoas são vítimas de tráfico e escravatura: 60 por cento são mulheres e crianças, frequentemente alvo de abusos e de uma violência indescritível”, realça o CPPMI.
Simbolicamente, o Vaticano convida a acender uma vela online pelo fim do tráfico, em www.a-light-against-human-trafficking.info.