“Imploremos ao Sagrado Coração de Jesus, para que toque o coração dos que querem a guerra, para que se convertam a projetos de diálogo e de paz”, pediu, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação dominical do ângelus.
Francisco dirigiu-se aos milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para evocar “a martirizada Ucrânia, Palestina, Israel, Myanmar e tantos outros lugares onde se sofre tanto, por causa da guerra”.
O Papa destacou ainda que, no dia 30 de junho, a Igreja celebra os “protomártires romanos”, mortos no ano 64 por ordem do imperador romano Nero, sob a acusação de terem provocado o incêndio da cidade.
“Também nós vivemos tempos de martírio, mais ainda do que nos primeiros séculos. Em tantas partes do mundo, muitos irmãos e irmãs nossos sofrem discriminações e perseguições por causa da fé, fecundando assim a Igreja”, declarou.
“Outros enfrentam um martírio de luvas brancas. Apoiemo-los com a nossa oração e deixemo-nos inspirar pelo seu testemunho de amor a Cristo”, acrescentou.
Segundo o Relatório 2023 da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), sobre a liberdade religiosa no mundo, tem-se verificado um agravamento das violações contra este direito, particularmente no continente africano, onde se registam “números alarmantes”.
O documento mostra que a liberdade religiosa foi violada em países onde vivem mais de 4,9 mil milhões de pessoas; em 61 dos 196 países sob análise, os cidadãos enfrentaram graves violações.
O relatório, publicado a cada dois anos, indicava que há cada vez mais comunidades religiosas maioritárias que são objeto de perseguição, uma alteração na tendência do passado.
Já ontem, num discurso mais para dentro da Igreja, o Papa tinha rejeitado a criação de “mecanismos e fechaduras de segurança”, na Igreja sublinhando a abertura para “todos” os que procuram Deus.
“Não é necessário acionar mecanismos e fechaduras de segurança, mas cultivar virtudes como a paciência, a atenção, a constância, a humildade”, disse, antes da recitação do ângelus, na solenidade de São Pedro e São Paulo, desde a janela do apartamento pontifício, no Vaticano.
Francisco partiu da imagem das “chaves” entregues por Jesus ao apóstolo Pedro, primeiro Papa da Igreja Católica.
“A missão que Jesus confia a Pedro não é a de trancar as portas da casa, permitindo o acesso apenas a alguns convidados selecionados, mas a de ajudar todos a encontrar o caminho para entrar, na fidelidade ao Evangelho de Jesus. A todos: todos, todos, todos podem entrar”, referiu, perante os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
“As chaves de Pedro, de facto, são as chaves de um Reino, que Jesus não descreve como um cofre ou um quarto blindado, mas com outras imagens: uma pequena semente, uma pérola preciosa, um tesouro escondido, um punhado de fermento, ou seja, como algo precioso e rico, sim, mas ao mesmo tempo pequeno e discreto”, disse.
Francisco observou que as chaves representam o “ministério de autoridade” que Jesus confiou a São Pedro, “para servir a toda a Igreja”.
“Porque a autoridade é serviço e uma autoridade sem serviço é ditadura”, indicou.
O Papa sustentou que é preciso deixar-se “adoçar, modelar por Jesus e o seu Espírito”, ajudando também os outros a chegar ao “encontro com Cristo”.
A oração aconteceu depois de, ao início da manhã, Francisco ter entregado o pálio a 42 arcebispos metropolitas dos cinco continentes, incluindo D. Rui Valério, patriarca de Lisboa.
Francisco despediu-se dos peregrinos com uma bênção a todos os habitantes de Roma, no dia da festa dos seus padroeiros.
“O amor de Jesus Cristo salva a nossa vida e leva-nos a oferecê-la”, afirmou.