Papa evoca vítimas das guerras, falando numa “derrota” da humanidade

Foto: Lusa

Francisco assinalou comemoração dos fiéis defuntos com Missa em cemitério da II Guerra Mundial

O Papa presidiu hoje à Missa por todos os fiéis defuntos, a 2 de novembro, no ‘Rome War Cemetery’, da capital italiana, evocando as vítimas das guerras da atualidade e as “vidas ceifadas” pelos conflitos de todos os tempos.

“Hoje, pensando nos mortos, acarinhando a memória dos mortos e conservando a esperança, peçamos ao Senhor a paz, para que os homens não se matem mais nas guerras. Tantos inocentes mortos, tantos soldados que perdem a sua vida. Mas isto, para quê? As guerras são sempre uma derrota, sempre”, referiu, perante cerca de 300 pessoas

O cemitério foi inaugurado em 1944, após a vitória militar dos Aliados na Itália, tendo recebido o corpo de soldados e aviadores que morreram como prisioneiros de guerra, além de 426 campas de combatentes da Commonwealth.

“Tantas pessoas, jovens e menos jovens, nas guerras do mundo, mesmo mais perto de nós, na Europa. Tantas mortes… A vida está a ser destruída, sem que se tenha consciência disso. Não há vitória total, não. Um vence o outro, mas por detrás disso há a derrota do preço que se pagou”, indicou o Papa, numa breve homilia improvisada.

Francisco chegou em cadeira de rodas, meia hora antes do previsto, com um ramo de flores brancas, percorrendo o relvado onde se encontram as 426 lápides do Cemitério de Guerra de Roma.

“Olhei para a idade destes soldados mortos, a maioria deles entre os 20 e os 30 anos de idade. Vidas ceifadas, vidas sem futuro, aqui, e pensei nos pais, nas mães que recebem a carta: ‘Senhora, tenho a honra de lhe dizer que tem um filho herói’… Sim, herói, mas que me foi tirado. Tantas lágrimas nestas vidas ceifadas”, disse, depois, na sua intervenção.

“Rezemos ao Senhor pelos nossos mortos, por todos: que o Senhor os receba a todos. E rezemos também para que o Senhor tenha piedade de nós e nos dê esperança: a esperança de que seguiremos em frente e estaremos todos com Ele, quando nos chamar”.

Em 2021, o Papa esteve no Cemitério Militar Francês de Roma; quatro anos antes, celebrou no Cemitério Americano, um local simbólico da II Guerra Mundial.

Em 2014, Francisco celebrou a Missa da solenidade dos Fiéis Defuntos no cemitério militar de Redipuglia, evocando as vítimas da I Guerra Mundial.

O dia 2 de novembro, no calendário católico, está reservado para a “comemoração de todos os fiéis defuntos”, celebração que remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.

Este costume depressa se espalhou: Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar três Missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia.

Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).

(Com Ecclesia)

 

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