O Papa disse hoje no Vaticano que a vida espiritual também tem “passwords”, numa reflexão sobre o discernimento e autoconhecimento.
“Vivendo na era da informática, sabemos como é importante conhecer as senhas para poder entrar nos programas em que se encontram as informações pessoais e preciosas. Até a vida espiritual tem as suas ‘passwords’: há palavras que tocam o coração, porque remetem para aquilo a que somos mais sensíveis”, referiu, na audiência pública semanal, que decorreu na Praça de São Pedro.
Francisco assinalou que “o tentador conhece bem estas palavras-chave”.
“É importante que também nós as conheçamos, para não nos encontrarmos onde não gostaríamos”, advertiu.
A intervenção destacou que o coração humano segue, por vezes, um caminho “sem liberdade”, por causa de sugestões encontradas nos media ou na publicidade.
O Papa prosseguiu o seu ciclo de catequeses sobre o discernimento, observando que este envolve “memória, intelecto, vontade, afetos”.
“Muitas vezes não sabemos discernir porque não nos conhecemos bem, e assim não sabemos o que realmente queremos”, precisou.
Segundo Francisco, conhecer-se a si mesmo “implica um paciente trabalho de escavação interior” e de “desativar o piloto automático”.
“Muitas vezes pode acontecer que convicções erradas sobre a realidade, baseadas nas experiências do passado, nos influenciem fortemente, limitando a nossa liberdade de apostar naquilo que realmente conta na nossa vida”, apontou.
O Papa afirmou que a sensação de “vazio e tristeza” é um sinal de desorientação e de expectativas erradas.
“O que aconteceu no meu coração neste dia? Fazer um exame de consciência, ou seja, o bom hábito de reler com calma o que acontece no nosso dia, aprendendo a observar nas avaliações e escolhas aquilo a que damos mais importância, o que procuramos e porquê, e o que afinal encontramos”, recomendou.
Na saudação aos peregrinos de língua portuguesa, Francisco dirigiu-se a grupos de Alcanena e da Paróquia de São Paulo (Setúbal).
“Convido-vos a pedir ao Senhor uma fé grande para verdes a realidade com o olhar de Deus, e uma grande caridade para vos aproximardes das pessoas com o seu coração misericordioso. Confiai em Deus, como a Virgem Maria”, concluiu.
(Com Ecclesia)