O Papa lamentou hoje o “trágico naufrágio” que aconteceu na última semana, no Mediterrâneo, em que morreram 41 pessoas, falando numa “chaga aberta” na humanidade.
“41 pessoas perderam a vida. Rezei por elas. Com dor e vergonha, temos de dizer que, desde o início do ano, já morreram quase 2 mil homens, mulheres e crianças neste mar, procurando chegar à Europa. É uma chaga aberta na nossa humanidade”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação do ângelus.
Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco saudou os esforços políticos e diplomáticos que procuram soluções “num espírito de solidariedade e fraternidade”, bem como todos os que atuam para “prevenir os naufrágios e socorrer os navegantes”.
Segundo testemunhos de quatro sobreviventes resgatados por uma patrulha da guarda costeira italiana, mais de 40 pessoas terão perdido a vida no naufrágio de um barco tinha saído de Sfax, na Tunísia, e terá virado devido a uma grande onda.
Já este sábado, duas pessoas morreram e 13 foram resgatadas ao largo da Tunísia, ponto de partida de uma das principais rotas para a travessia do mar Mediterrâneo, rumo ao território da União Europeia.
O Papa recordou ainda a celebração, nesta segunda-feira, véspera da solenidade da Assunção de Maria, de uma peregrinação nacional pela paz nos Camarões, país “atingido pela violência e a guerra”.
“Que Deus sustente a esperança do povo, que sofre há anos, e abra caminhos de diálogo para chegar à concórdia e a paz”, pediu.
Francisco deixou uma palavra para a “martirizada Ucrânia”, que “sofre tanto, com esta guerra”, antes de evocar as vítimas do incêndio no Havai.
Os fogos em Maui provocaram, pelo menos, 93 mortes, naquele que é considerado o incêndio mais mortífero em território dos Estados Unidos da América, no último século.
“Não tenham medo”, pede o Papa
O Papa disse hoje no Vaticano que a presença de Jesus, nos momentos mais difíceis da vida, deve ajudar os católicos a superar o medo.
“Cristo hoje repete a cada um de nós: ‘Coragem, sou eu, não tenham medo!’ Coragem, ou seja, estou aqui, já não estás sozinho nas águas agitadas da vida”, referiu, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação do ângelus.
Perante cerca de 15 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco refletiu sobre a passagem do Evangelho de São Mateus em que Jesus “de noite, caminha sobre as águas do lago da Galileia ao encontro dos discípulos”.
O Papa convidou a procurar o sentido mais profundo deste gesto, descartando a ideia de uma “demonstração de grandeza e de poder”.
“Por trás do caminhar sobre as águas, há uma mensagem, não imediata, que deve ser compreendida por nós. Naquele tempo, com efeito, as grandes extensões de água eram consideradas moradas de forças malignas, não domináveis pelo homem”, precisou.
“Eis o sentido do gesto: as potências malignas, que nos assustam e não conseguimos dominar, com Jesus são redimensionadas. Ele, caminhando sobre as águas, quer dizer: ‘Não tenham medo, eu coloco, sob os meus pés, os teus inimigos’.
Francisco destacou que esses “inimigos” são “a morte, o pecado, o diabo”, não outras pessoas, convidando a confiar em Jesus “perante o medo, que é um mar aberto, quando se vê somente a escuridão”.
Com os discípulos, acrescentou, é preciso aprender a “invocar e acolher Jesus” nesses momentos, dizendo como São Pedro, “Senhor, salva-me!”.
“É bela esta oração, com a qual se expressa a certeza de que o Senhor nos pode salvar, que Ele vence o nosso mal e os nossos medos. Convido a repeti-la, todos juntos: Senhor, salva-me!”, pediu aos presentes no Vaticano.
O Papa falou da ameaça de “ventos contrários” no “barco da vida” e no “barco da Igreja”.
“Como vai a minha fé? Creio que Cristo é mais forte do que as ondas e os ventos contrários? Sobretudo, navego com Jesus?”, questionou.
Após a oração, Francisco deixou uma saudação aos jovens de grupos que participaram na JMJ Lisboa 2023, que compareceram na Praça de São Pedro com bandeiras dos seus países.
(Com Ecclesia)