O Papa defendeu hoje que chegou o tempo da “audácia da paz”, perante a continuação da guerra na Ucrânia e do falhanço das “estratégias” aplicadas até ao momento.
“Perante este cenário, não nos podemos resignar. É preciso algo mais, é necessária a audácia da paz, que está no centro do vosso encontro. Não basta o realismo, não bastam as considerações políticas, não bastam os aspetos estratégicos aplicados até agora: é preciso mais, porque a guerra continua”, escreve Francisco, numa mensagem dirigida aos participantes num encontro inter-religioso promovido pela comunidade católica de Santo Egídio, em Berlim.
O encontro internacional de oração pela paz decorreu desde segunda-feira, na cidade alemã, reunindo líderes religiosos, políticos e representantes do mundo cultural.
“É preciso ter a audácia da paz, agora, porque demasiados conflitos perduram há demasiado tempo, tanto que alguns parecem nunca ter fim; tanto que, num mundo em que tudo anda tão depressa, só o fim da guerra parece ser lento”, adverte o Papa.
A mensagem, divulgada pelo Vaticano, convida todos a “dar voz ao choro das mães e dos pais” que perderam os seus filhos, denunciando a “loucura da guerra”.
O encontro da Comunidade de Santo Egídio dá continuidade à “peregrinação de oração e diálogo” lançada por São João Paulo II em Assis (Itália), em 1986.
Francisco destacou o facto de, em 2023, a iniciativa decorrer em Berlim, cidade que durante décadas foi separada por um muro, lamentando a perda de um “sentimento de esperança comum” que despertou após a sua queda.
“Em vez de derrubar muros, ergueram-se outros. E da parede à trincheira o passo, infelizmente, costuma ser curto”, alertou.
“Hoje, a guerra ainda devasta muitas partes do mundo: penso em muitas áreas de África e do Médio Oriente, mas também em muitas outras regiões do planeta; e na Europa, que vive a guerra na Ucrânia, um conflito terrível que não tem fim à vista e que tem causado mortes, feridos, dor, êxodos e destruição”.
Dirigindo-se aos vários líderes religiosos, Francisco convida todos a ser “mendigos da paz”, contrariando a ideia da “inevitabilidade dos conflitos”.
“Continuemos a rezar pela paz sem nos cansarmos, a bater, com espírito humilde e insistente, à porta sempre aberta do coração de Deus e às portas dos homens”, acrescentou, com uma oração para que “se abram caminhos de paz, especialmente para a querida e martirizada Ucrânia”.
( Com Ecclesia)