“Não há certeza de que a sua (mulheres) fosse uma ordenação com a mesma forma e com o mesmo propósito que a ordenação masculina. Alguns dizem: há dúvidas. Vamos continuar a estudar. Mas até agora não se avança”, referiu, em declarações aos jornalistas durante o voo de regresso ao Vaticano, desde a Macedónia do Norte.
A questão surgiu depois de, durante a viagem internacional, que passou pela Bulgária, ter havido contactos com comunidades ortodoxas que permitem a ordenação de diaconisas.
“A comissão foi criada, trabalhou por quase dois anos. Todos tinham opiniões diferentes, mas trabalharam juntos e concordaram até certo ponto. Cada um deles tem a sua própria visão, que não concorda com a dos outros, e aí pararam como comissão”, explicou Francisco, a respeito do trabalho que foi levado a cabo no Vaticano por teólogos e teólogas de vários países.
O Papa sustenta que há uma forma de conceber o diaconado feminino que difere do masculino.
“Por exemplo, as fórmulas de ordenação diaconal encontradas até agora não são as mesmas para a ordenação do diácono masculino, assemelham-se ao que seria hoje a bênção abacial de uma abadessa. Este é o resultado. Outros dizem que não, esta é uma fórmula diaconal”, relatou.
A comissão tinha sido anunciada a 12 de maio de 2016, durante um encontro de Francisco com a União Internacional de Superioras Gerais (UISG) de institutos religiosos femininos.
O diaconado é o primeiro grau do Sacramento da Ordem (diaconado, sacerdócio, episcopado), atualmente reservado aos homens, na Igreja Católica.
Segundo o Papa, não existem dúvidas de que havia diaconisas no começo do Cristianismo, mas a questão está em determinar se “era uma ordenação sacramental ou não”.
Os estudos mostram que estas primeiras diaconisas assistiam na liturgia batismal de mulheres, que era por imersão, e eram chamadas para casos de disputa matrimonial para avaliar eventuais maus-tratos, mas Francisco sublinha que esta é uma situação limitada a uma área geográfica, especialmente a Síria.
“Aprendi todas essas coisas com a comissão, eles fizeram um bom trabalho e isso pode ser usado para ir em frente e dar uma resposta definitiva sobre o sim ou não. Ninguém diz isso agora, mas alguns teólogos há 30 anos disseram que não havia diaconisas, porque as mulheres estavam em segundo plano, na Igreja e não só na Igreja”, acrescentou o pontífice.
O Concílio Vaticano II (1962-1965) restaurou o diaconado permanente, a que podem aceder homens casados (depois de terem completado 35 anos de idade), o que não acontece com o sacerdócio.
O diaconado exercido por candidatos ao sacerdócio só é concedido a homens solteiros.
Com origem grega, a palavra ‘diácono’ pode traduzir-se por servidor, e corresponde a alguém especialmente destinado na Igreja Católica às atividades caritativas, a anunciar a Bíblia e a exercer funções litúrgicas, como assistir o bispo e o padre nas missas, administrar o Batismo, presidir a casamentos e exéquias, entre outras funções.
Ver noticia anterior em https://agencia.ecclesia.pt/portal/ucp-restauracao-do-diaconado-feminino-e-oportunidade-para-igreja-mostrar-que-acredita-no-que-ensina/ (Ecclesia)