O Papa afirmou este sábado que o abuso sexual de crianças “é um crime, uma vergonha”, respondendo a uma questão sobre os casos que envolveram o bispo Ximenes Belo e o francês Abbé Pierre.
“O abuso é, na minha opinião, uma coisa demoníaca, porque todos os tipos de abuso destroem a dignidade da pessoa, todos os tipos de abuso tentam destruir aquilo que todos nós somos: a imagem de Deus. Fico feliz quando estes casos são tornados públicos”, referiu aos jornalistas que o acompanharam na viagem de regresso a Roma, desde Singapura.
Francisco admitiu que a questão toca num “ponto muito sensível, muito delicado”, porque diz respeito a “pessoas boas, pessoas que fazem o bem, mas depois, com tanto bem que fizeram, depois vemos que essa pessoa é um pecador feio”.
“Esta é a nossa condição humana. Não devemos dizer ‘vamos encobrir, vamos encobrir’, para que não se veja. Os pecados públicos são públicos e devem ser condenados”.
Em julho deste ano, a ‘Emmaüs International’, ‘Emmaüs France’ e a Fundação Abbé Pierre divulgaram um relatório sobre atos de “abuso ou assédio sexual” que o fundador da comunidade terá cometido entre o final da década de 1970 e 2005.
Heni Grouès, “Abbé Pierre”, fundador da Comunidade Emaús, faleceu aos 94 anos de idade, em janeiro de 2007.
Francisco sublinhou que “o Abbé Pierre é um homem que fez muito bem, mas também é um pecador”.
“Temos de falar claramente sobre estas coisas, não as esconder”, insistiu.
O Papa destacou que é preciso trabalhar em conjunto “não só contra o abuso sexual, contra todos os tipos de abuso: abuso social, abuso educacional, mudar a mentalidade das pessoas, tirar-lhes a liberdade”.
“Há cinco anos [fevereiro de 2019], tivemos uma reunião com os presidentes das Conferências Episcopais sobre os casos de abusos sexuais e outros, e tínhamos uma estatística muito boa, penso que das Nações Unidas. 42 a 46% dos abusos ocorrem na família ou na vizinhança”, recordou.
No final da conversa, o Papa quis sublinhar que desconhecia qualquer abuso cometido pelo Abbé Pierre antes de ter chegado ao Vaticano.
“Quando é que o Vaticano soube, não sei, porque não estava cá e nunca tive a ideia de investigar. Mas depois da sua morte, de certeza; antes, não sei”, apontou.
Em resposta a um jornalista francês, Francisco negou que vá presidir à reabertura da Catedral de Notre-Dame, em dezembro.
“Não vou a Paris”, referiu.
(Com Ecclesia e Vatican Media)