Após recitação do ângelus, Francisco deixa ainda mensagens para a América Central, Etiópia e Líbia
O Papa associou-se hoje no Vaticano à jornada de ação de graças promovida pelos bispos italianos, com o tema “água, bênção da terra”, sublinhando o papel dos pequenos agricultores na atual crise provocada pela pandemia.
“Estou próximo com a oração e o afeto ao mundo rural, especialmente aos pequenos agricultores. O seu trabalho é mais importante do que nunca neste tempo de crise”, disse Francisco, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
A intervenção evocava a 70ª edição da jornada um dia de ação de graças pelos dons da terra, promovida pela Conferência Episcopal Italiana.
O Papa destacou, a respeito do tema escolhido para 2020, que a água é “vital” para a agricultura e também para a vida, pelo que tem de ser vista como “bem comum, cujo uso deve respeitar o seu destino universal”.
Francisco falou das vítimas do furacão Eta, na América central, que provocou mortes e elevados danos materiais, agravando “a situação já difícil da pandemia”.
O furacão provocou cerca de 200 mortos ou desaparecidos em sete países da América Central, a maioria na Guatemala, e deve atingir hoje Cuba, Jamaica e Florida (EUA).
O Papa rezou pelas vítimas, os seus familiares e todos os que os procuram ajudar.
Na sua tradicional reflexão de domingo, Francisco mostrou-se preocupado com a situação na Etiópia, onde o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, anunciou uma operação militar em retaliação por alegados ataques da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF, sigla em inglês) contra bases militares, tendo decretado o estado de emergência durante seis meses na região.
“Sigo com preocupação as notícias que chegam da Etiópia. Exorto a rejeitar a tentação do confronto armado, convidando todos à oração e ao respeito fraterno, ao diálogo e à recomposição pacífica das discórdias”, pediu o pontífice
Francisco falou ainda das reuniões do fórum do diálogo político líbio, que começam hoje na capital da Tunísia.
“Desejo vivamente que, neste momento tão delicado, seja encontrada uma solução para o longo sofrimento do povo líbio”, com respeito pelo recente acordo para um cessar-fogo permanente, disse o Papa.
“Rezemos pelos delegados no fórum, pela paz e pela estabilidade na Líbia”, concluiu.
Antes , durante a homilia da missa dominical Francisco falou da importância de apontar à «vida eterna» como referência para o presente
“Ser sábio e prudente é não esperar o último momento para corresponder à graça de Deus, mas fazer isso ativa e imediatamente. Se queremos estar prontos para o último encontro com o Senhor, devemos desde agora cooperar com Ele e realizar boas ações inspiradas no seu amor”, referiu, desde a janela do apartamento pontifício, antes da oração dominical do ângelus.
Perante centenas de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco sublinhou que as celebrações deste domingo convidam a “prolongar a reflexão sobre a vida eterna, iniciada por ocasião da Festa de Todos os Santos e da comemoração dos fiéis defuntos”.
Segundo o Papa, muitos deixam de parte a noção de um “encontro definitivo com Deus, perdendo assim o sentido da expectativa e tornando o presente absoluto”.
“Essa atitude exclui qualquer perspetiva do além: faz-se tudo como se nunca tivéssemos de partir para a outra vida. E então preocupamo-nos apenas em possuir, em emergir, em estabelecer-se”, alertou.
Francisco afirmou que uma vida guiada pela busca dos próprios interesses se torna “estéril” e fechada à transcendência: “Devemos viver o hoje, mas o hoje que vai rumo ao amanhã, para esse encontro. O hoje carregado de esperança”.
“Invoquemos a intercessão de Maria Santíssima, para que nos ajude a viver, como ela, uma fé laboriosa: ela é a lâmpada luminosa com a qual podemos atravessar a noite além da morte e chegar à grande festa da vida”, declarou.