O Papa assina o prefácio de uma nova obra dedicada aos Movimentos Populares, editada pelo Vaticano, e que congrega 5 anos de acompanhamento ao trabalho que é realizado por milhares de associações sociais e civicas em todo o mundo.
No início da publicação, intitulada “A afirmação dos Movimentos Populares: a Rerum Novarum do nosso tempo’, e compilada pela Pontifícia Comissão para a América Latina, Francisco realça que os movimentos populares que integram e representam os mais carenciados são como “o fermento de uma profunda transformação social”.
“Uma fonte de energia moral para revitalizar as nossas democracias”, pois “o antídoto para o populismo e para o chauvinismo político está nos esforços da iniciativa cívica organizada”, na primazia do “nós” sobre o “culto do eu”, escreve o Papa argentino.
Francisco frisa ainda que todos quantos vivem hoje nas periferias da sociedade não são apenas uma porção da população que deve ser apoiada pela Igreja Católica.
São antes de mais como “um rebento que, tal como uma semente de mostarda, irá dar muito fruto”.
Este novo livro, que conta com um prefácio assinado pelo Papa Francisco, aprofunda temáticas que estiveram no centro de vários encontros mundiais que tiveram lugar no continente americano desde 2014, e que contaram com milhares de representantes dos movimentos populares.
Recorde-se que também o Vaticano, através do Conselho Pontifício Justiça e Paz, acolheu em outubro de 2014 um encontro mundial de Movimentos Populares.
Na altura estiveram presentes trabalhadores precários e da economia informal, migrantes, indígenas, pessoas sem-terra e representantes de zonas periféricas, que tiveram oportunidade de ser recebidos em audiência pelo Papa.
Agora no prefácio do referido livro, Francisco salienta que “os Movimentos Populares representam uma importante alternativa social”, como que “um grito” que ressoa das “entranhas” da sociedade, “um sinal de contradição, e uma esperança de que tudo pode mudar”.
“Os Movimentos Populares são a demonstração tangível e concreta de que é possível seguir um rumo contra corrente à cultura atual… através da criação de novas formas de trabalho centradas na solidariedade e na comunidade”, afirma o Papa
Ao resistirem à “tirania do dinheiro”, através da sua labuta e sofrimento, os Movimentos Populares afirmam-se também como importantes “sentinelas” na salvaguarda de um futuro melhor, acrescenta Francisco, que apela a um “novo humanismo” capaz de contrariar a atual falta de compaixão e de cuidado com o bem-comum.
(Com Ecclesia)