Francisco recebe nova presidência da Comissão de Episcopados dos Estados-Membros da UE, que integra bispo do Funchal
O Papa recebeu hoje, no Vaticano, os membros da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE), pedindo que os Estados-membros assumam um “compromisso coeso” pela paz na Ucrânia.
“Este desafio é muito complexo, porque os países da União Europeia estão envolvidos em múltiplas alianças, interesses, estratégias, uma série de forças que é difícil fazer convergir num único projeto”, admitiu Francisco, numa intervenção publicada pela Santa Sé.
O discurso, perante a nova presidência da COMECE, que inclui D. Nuno Brás, bispo do Funchal, como vice-presidente, defendeu a necessidade de “clareza e determinação” na afirmação de um princípio comum, perante o conflito no leste da Europa: “A guerra não pode e nunca deve ser considerada como uma solução”.
O Papa recordou o nascimento do projeto comunitário, após a II Guerra Mundial (1939-1945), sublinhando que, enquanto na Europa se viveu um período de paz, no resto do mundo houve “várias guerras”.
“Nas últimas décadas, algumas guerras prolongaram-se durante anos, até hoje, tanto que se pode falar agora numa terceira guerra mundial. A guerra na Ucrânia está próximo e sacudiu a paz europeia”, assinalou.
Francisco elogiou a resposta solidária dos países vizinhos, após a invasão russa do território ucraniano, a 24 de fevereiro de 2022, em particular no acolhimento a refugiados.
“Todos os povos europeus participam no esforço de solidariedade com o povo ucraniano”, acrescentou.
O Papa recomendou que os responsáveis políticos repitam aos “políticos” que a guerra é um “falhanço da política e da humanidade”.
Depois de agradecer a COMECE pelo “trabalho exigente, mas também apaixonante” que realiza junto das instituições comunitárias, Francisco sustentou que a unidade europeia “deve ser uma unidade que respeite e valorize as singularidades, as peculiaridades dos povos e culturas que a compõem”.
O discurso alertou para um “paradigma tecnocrático” que afasta as pessoas, em particular as novas gerações e as “forças vivas” da sociedade da construção de um projeto comum, na União Europeia.
“Continua a ser sempre verdade que são os homens e as mulheres que fazem a diferença. Portanto, a primeira tarefa da Igreja, neste campo, é formar pessoas que, lendo os sinais dos tempos, saibam interpretar o projeto europeu na história de hoje”, apontou.
O Papa deixou votos de que a COMECE atue com “profecia”, visão e “criatividade”, em particular para promover a “causa da paz”.
No início da audiência, que teve lugar na Sala do Consistório, D. Mariano Crociata, novo presidente do organismo católico, assumiu a responsabilidade “de combinar a escuta das Conferências Episcopais com a comunhão com o Papa e as suas indicações.
O bispo da Latina, na Itália, falou de um “caminho europeu marcado por novas crises”, a última das quais a guerra na Ucrânia.
Para o presidente da COMECE, as prioridades do organismo episcopal passam pela atenção às camadas mais frágeis da sociedade, às migrações, à “ecologia integral” proposta pelo Papa e à defesa da liberdade religiosa.
(Com Ecclesia)