Francisco manifestou apoio ao clero de Roma por causa de «acusações» falsas.
O Papa Francisco encontrou-se hoje no Vaticano com o clero de Roma, a quem desafiou a estarem perto das pessoas com uma atitude de “misericórdia” e de perdão.
“O padre é um homem de misericórdia e de compaixão, próximo da sua gente e servidor de todos. Este é um critério pastoral que gostaria muito de sublinhar: a vizinhança. A proximidade e o serviço”, sublinhou, num encontro que durou cerca de uma hora, na sala Paulo VI.
Segundo o Papa, cada padre tem de imitar Jesus, cuja vida era passa “nas ruas”, ao encontro de “quem quer que se encontre ferido na sua vida”, com “atenção”.
“O horizonte alarga-se e vemos que estas cidades e estas aldeias não são apenas Roma e a Itália, mas são o mundo, as multidões infinitas são as populações de tantos países que estão a passar por situações cada vez mais difíceis”, observou.
A intervenção começou com o Papa a manifestar a sua solidariedade aos membros do clero romano que foram acusados de estarem envolvidos em casos de prostituição infantil.
“Fiquei muito tocado e partilhei a dor causada pelas acusações feitas contra um grupo de vós. Vi a dor das feridas destas feridas injustas: uma loucura”, afirmou, mostrando-se “publicamente ao lado do presbitério”.
Francisco adiantou ainda que está a tratar do “afastamento” de um dos acusadores, que se encontra ao serviço diplomático da Santa Sé, por causa deste “ato grave de injustiça”.
“Peço-vos desculpa por isso”, afirmou, sob os aplausos dos presentes.
O discurso papal apelou à capacidade de “sofrimento pastoral”, para que todos os padres sejam “como um pai e uma mãe que sofrem pelos filhos” e saibam “lutar com Deus” e rezar pelo seu povo.
“Como acabas o dia, com o Senhor ou com a televisão?”, questionou Francisco.
O Papa recordou um episódio em Buenos Aires, quando foi comprar flores para um padre idoso que falecera em vésperas da Páscoa e estava praticamente sem pessoas à volta do seu caixão.
“Eu pensei: este homem perdoou os pecados a todo o clero de Buenos Aires, também a mim, e nem uma flor”, referiu.
Francisco retirou a cruz do rosário do falecido padre, rezando para ter “metade” da sua misericórdia, um crucifixo que ainda hoje o acompanha, junto ao peito.
“Quanto bem faz o exemplo de um padre misericordioso, que se aproxima das feridas”, explicou.
O Papa dedicou parte da intervenção à importância da confissão, pedindo que os sacerdotes se deixem “abraçar por Deus Pai”.
“Se, na Confissão, se vive isto no seu próprio confissão, pode dá-lo aos outros. O padre é chamado a aprender isto, a ter um coração que se comove”, precisou.
Neste contexto, Francisco disse que nem “o laxismo nem o rigorismo” servem para “santificar” os padres e os fiéis, alertando para a necessidade de uma “diferença de estilos” dos confessores não colocar em causa a “substância, ou seja, a sã doutrina moral e a misericórdia”.
“Misericórdia significa, em primeiro lugar, curar as feridas”, insistiu.