Papa desafia Igreja a ouvir “grito da humanidade” e a superar fatalismo

Missa encerra XVI Assembleia Geral do Sínodo, depois de três anos de trabalhos, a nível global

Foto: Agência Ecclesia/JPG

O Papa disse hoje, no Vaticano, que o mundo precisa de uma Igreja que “acolhe o grito da humanidade”, superando atitudes de fatalismo e pessimismo.

“Não precisamos duma Igreja sentada e desistente, mas duma Igreja que acolhe o grito do mundo. E quero dizer, talvez alguém se escandalize: uma Igreja que suja as mãos para servir”, referiu na homilia da Missa de conclusão da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, iniciada a 2 de outubro, sobre o tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’.

“Deus escuta sempre o grito dos pobres e nenhum grito de dor passa despercebido diante dele”, acrescentou.

Perante milhares de pessoas reunidas na Basílica de São Pedro, Francisco sustentou que esta nova etapa se constrói “acolhendo o grito de todos os homens e mulheres da terra”.

“O grito dos que querem descobrir a alegria do Evangelho e dos que, pelo contrário, se afastaram; o grito silencioso dos indiferentes; o grito dos que sofrem, dos pobres e dos marginalizados; das crianças, escravizadas pelo trabalho, em tantas partes do mundo; a voz partida dos que já nem sequer têm força para gritar a Deus, porque não têm voz ou porque se resignaram”, precisou.

A intervenção apontou ao futuro, pedindo “não uma Igreja sentada, mas uma Igreja em pé”, uma “Igreja missionária, que caminha com o Senhor pelas estradas do mundo”.

“Lembremo-nos sempre disto: não caminhar por conta própria ou segundo os critérios do mundo, mas caminhar juntos atrás dele e com Ele”, recomendou.

O Papa evocou a cura de um cego, Bartimeu, num comentário à passagem do Evangelho segundo São Marcos, que é lida este domingo nas igrejas de todo o mundo.

“Se permanecemos sentados na nossa cegueira, continuaremos a não ver as nossas urgências pastorais e os muitos problemas do mundo em que vivemos”, indicou, perante os participantes na Assembleia Sinodal.

Francisco questionou uma “Igreja sentada”, que se “confina a si mesma à margem da realidade”.

“Perante as interrogações dos homens e mulheres de hoje, os desafios do nosso tempo, as urgências da evangelização e as muitas feridas que afligem a humanidade, não podemos ficar sentados”, disse.

A celebração contou com a exposição da antiga Cátedra de São Pedro, após uma intervenção de restauro.

Segundo nota enviada aos jornalistas, pelo Vaticano, “é muito provável que a Cátedra tenha sido doada por Carlos, o Calvo, ao Papa João VIII (872-885)

“Contemplando-a com a admiração da fé, recordemos que esta é a Cátedra do amor, da unidade e da misericórdia, segundo o preceito que Jesus deu ao Apóstolo Pedro de não exercer domínio sobre os outros, mas de os servir na caridade”, declarou Francisco.

O Papa promulgou este sábado o documento final da Assembleia, enviando-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal – algo que acontece pela primeira vez, mas que corresponde à possibilidade prevista na  constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018), assinada por Francisco, sobre o Sínodo dos Bispos.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

(Com Ecclesia)

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