O Papa disse hoje no Vaticano que os católicos devem superar a lógica comum dos “raciocínios utilitaristas” e assumir o risco do “amor gratuito”, procurando o “extraordinário”, como pede Jesus.
“Deus ama-nos enquanto somos pecadores, não porque somos bons ou capazes de dar algo em troca. O amor de Deus é um amor sempre em excesso, sempre para lá dos cálculos, sempre desproporcional. Hoje, também nos pede a nós para vivermos deste modo, porque somente assim o testemunharemos verdadeiramente”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação da oração do ângelus.
Perante milhares de peregrinos presentes na Praça de São Pedro, onde era visíveis bandeiras portuguesas, Francisco refletiu sobre a passagem do Evangelho de São Mateus que é lida nas celebrações eucarísticas deste domingo (Mt 5,38-48), na qual Jesus “convida a dar a outra face a amar mesmo os inimigos”.
“Em geral (…) preferimos amar só quem nos ama, fazer o bem só a quem é bom connosco, ser generoso só com quem pode restituir o favor; e a quem nos trata mal, respondemos com a mesma moeda. Assim estamos todos em equilíbrio”, advertiu.
O Papa sublinhou que, permanecendo neste equilíbrio entre dar e receber, “as coisas não mudam”.
“O amor de Deus é sempre extraordinário, isto é, vai além dos critérios habituais com os quais nós humanos vivemos as nossas relações”, insistiu.
“Deus convida-nos a não responder o mal com o mal, a ousar no bem, a arriscar no dom, mesmo se recebermos pouco ou nada em troca. Porque é este amor que lentamente transforma os conflitos, diminui as distâncias, supera as inimizades e cura as feridas do ódio”.
Francisco questionou os presentes sobre a lógica que seguem na sua vida, “a da retribuição ou a da gratuidade”.
“O amor extraordinário de Cristo não é fácil, mas é possível, porque Ele mesmo nos ajuda doando-nos o seu Espírito, o seu amor sem medida”, concluiu.