O Papa presidiu hoje, no Vaticano, à Missa do VIII Dia Mundial dos Pobres, denunciando a “idolatria do dinheiro e do consumo”, que despreza os mais frágeis.
“Enquanto uma parte do mundo é condenada a viver à margem da história, enquanto crescem as desigualdades e a economia penaliza os mais fracos, enquanto a sociedade se consagra à idolatria do dinheiro e do consumo, os pobres e os excluídos não podem fazer outra coisa senão continuar a esperar”, disse, na homilia que proferiu na Basílica de São Pedro.
Além da Eucaristia, Francisco assinala esta jornada anual com um almoço oferecido a 1300 pessoas e a entrega simbólica de chaves para novas casas a vítimas da guerra em vários países, incluindo a Síria.
O Papa falou num mundo marcado pela “angústia”, em que “a comunicação social amplifica os problemas e as feridas, tornando o mundo mais inseguro e o futuro mais incerto”.
“Vemos a fome e a carestia que oprimem tantos irmãos e irmãs, vemos os horrores da guerra e a morte de inocentes; e, perante este cenário, corremos o risco de afundarmos no desânimo e de não nos apercebermos da presença de Deus no drama da história”, assinalou.
Francisco criticou a atitude dos que dizem “não há nada que eu possa fazer”, sublinhando que, desse modo, “a própria fé cristã é reduzida a uma devoção inócua, que não incomoda os poderes deste mundo e não gera um compromisso concreto de caridade”.
“A esperança cristã, que se realizou em Jesus e se concretiza no seu Reino, precisa de nós e do nosso empenho, de uma fé ativa na caridade, de cristãos que não passam para o outro lado do caminho”, apelou.
“Não devemos olhar apenas para os grandes problemas da pobreza mundial, mas para o pouco que todos nós podemos fazer todos os dias: com o nosso estilo de vida, com o cuidado e a atenção pelo ambiente em que vivemos, com a busca tenaz da justiça, com a partilha dos nossos bens com os mais pobres, com o engajamento social e político para melhorar a realidade que nos rodeia”.
O Papa questionou as pessoas que “viram a cara” diante da pobreza e da miséria dos outros, pedindo uma fé que “abre os olhos para o sofrimento do mundo”, evocando os desempregados, as pessoas com fome e os marginalizados.
“Digo-o à Igreja, digo-o aos governos dos Estados e às organizações internacionais, digo-o a todos e a cada um: por favor, não nos esqueçamos dos pobres”, concluiu.
A Missa foi antecedida pela bênção de 13 chaves, representando os países nos quais a ‘Aliança Famvin com os Sem-Abrigo’ (FHA), da Família Vicentina, vai construir casas para pessoas necessitadas, um projeto que se associa à celebração do Jubileu 2025.
O programa de domingo inclui o tradicional almoço, com 1300 pessoas pobres, no Auditório Paulo VI, uma organização do Dicastério para o Serviço da Caridade (Santa Sé) com a ajuda da Cruz Vermelha Italiana.
(Com Ecclesia e Vatican News)