Francisco sai em defesa dos direitos dos doentes e elogia quem se dedica a eles de forma incondicional
O Papa Francisco denunciou na sua mensagem para o Dia Mundial do Doente de 2015 a “grande mentira” que confunde o direito a viver com a chamada ‘qualidade de vida’.
“Que grande mentira se esconde por trás de certas expressões que insistem muito sobre a «qualidade da vida» para fazer crer que as vidas gravemente afetadas pela doença não mereceriam ser vividas”, escreve, no texto divulgado hoje no Vaticano.
O 23.º Dia Mundial do Doente vai celebrar-se a 11 de fevereiro de 2015, com o tema «Sapientia cordis [sabedoria do coração]. “Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo” (Job 29, 15)»
Segundo o Papa, a experiência do sofrimento pode tornar-se “lugar privilegiado da transmissão da graça e fonte para adquirir e fortalecer a «sapientia cordis»”, mesmo quando a doença, a solidão e a incapacidade “levam a melhor”.
“Sabedoria do coração é servir o irmão” e “sair de si ao encontro do irmão”, sublinha Francisco, recordando os cristãos que dão testemunho com “a sua vida radicada numa fé genuína” e as pessoas que “permanecem junto dos doentes que precisam de assistência contínua, de ajuda para se lavar, vestir e alimentar”.
“Sabedoria do coração é estar com o irmão. O tempo gasto junto do doente é um tempo santo”, acrescenta.
A mensagem realça o valor do acompanhamento, “muitas vezes silencioso”, que leva a dedicar tempo aos doentes, os quais se sentem assim “mais amados e confortados”.
“Às vezes, o nosso mundo esquece o valor especial que tem o tempo gasto à cabeceira do doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frenesim do fazer e do produzir, se esquece da dimensão da gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro”, lamenta o Papa.
O texto reafirma a “absoluta prioridade da ‘saída de si próprio para o irmão’”, como um dos dois mandamentos principais que “fundamentam toda a norma moral”.
Na sua reflexão sobre a ‘sabedoria do coração’, Francisco defende a necessidade de “ser solidário com o irmão, sem o julgar” e pede “tempo para cuidar dos doentes e tempo para os visitar”.
“A verdadeira caridade é partilha que não julga, que não tem a pretensão de converter o outro”, prossegue.
O Papa observa que “também as pessoas imersas no mistério do sofrimento e da dor” se podem tornar “testemunhas vivas duma fé que permite abraçar o próprio sofrimento”.
A mensagem para o Dia Mundial do Doente de 2015 conclui-se com uma oração de Francisco à Virgem Maria.
“Ó Maria, Sede da Sabedoria, intercedei como nossa Mãe por todos os doentes e quantos cuidam deles. Fazei que possamos, no serviço ao próximo sofredor e através da própria experiência do sofrimento, acolher e fazer crescer em nós a verdadeira sabedoria do coração”, escreve o Papa.
CR/Ecclesia