Francisco pede Igreja aberta e inclusiva, que promova a fraternidade e a paz
O Papa criticou hoje, em Budapeste, as “portas fechadas” aos estrangeiros e a quem sofre, pedindo que a comunidade católica seja aberta e inclusiva.
“Viver em saída significa tornar-se, como Jesus, uma porta aberta. É triste e dói ver portas fechadas (…), as portas fechadas da nossa indiferença em relação a quem está no sofrimento e na pobreza, as portas fechadas a quem é estrangeiro, diferente, migrante, pobre”, disse, na homilia da Missa a que presidiu, esta manhã, na Praça Kossuth Lajos, junto edifício do Parlamento húngaro, nas margens do rio Danúbio.
A intervenção deixou uma mensagem direta aos que têm “responsabilidades políticas e sociais”, pedindo que sejam “abertos e inclusivos uns com os outros, para ajudar a Hungria a crescer na fraternidade, caminho da paz”.
Com o lema ‘Cristo é a nossa esperança’, a visita à Hungria é 41ª viagem internacional do pontificado e representa um regresso a Budapeste, onde Francisco presidiu, em 2021, à Missa de encerramento do 52.º Congresso Eucarístico Internacional.
A homilia, que foi traduzida para húngaro por um sacerdote, partiu da imagem de Jesus como “bom pastor”, apresentada pelo Evangelho, que “primeiro chama as suas ovelhas e depois as faz sair”.
“Ainda hoje, em cada situação da vida, naquilo que trazemos no coração, nos nossos extravios, nos nossos medos, no sentimento de derrota que às vezes nos assalta, na prisão da tristeza que ameaça enjaular-nos, Ele chama-nos”, apontou o Papa.
No último dia da sua viagem a Budapeste, iniciada na sexta-feira, Francisco assumiu a alegria de ver a comunidade católica unida “num único abraço”, partilhado com outras comunidades religiosas e instituições civis.
“Isto é catolicidade: todos nós, chamados por nome pelo bom Pastor, somos chamados a acolher e espalhar o seu amor, a tornar o seu rebanho inclusivo”, sustentou.
A fé, acrescentou o Papa, deve impelir os crentes ao encontro de todos, para alcançar “todas as periferias”.
“Nunca desanimemos, nunca deixemos que nos roubem a alegria e a paz que Ele nos deu, não nos fechemos nos problemas ou na apatia. Deixemo-nos acompanhar pelo nosso Pastor: com Ele resplandeçam de vida nova a nossa própria vida, as nossas famílias, as nossas comunidades cristãs e toda a Hungria”, concluiu.
Antes do final da Missa, o Papa recitou o ‘Regina Coeli’, agradecendo ao povo húngaro pelo “acolhimento e o afeto”
Antes da oração, Francisco destacou a importância do ecumenismo, num país de fronteira entre o Oriente e o Ocidente cristãos.
“É belo que as fronteiras não representem confins que separam, mas áreas de contacto, e que os crentes em Cristo ponham em primeiro lugar a caridade que une e não as diferenças históricas, culturais e religiosas que dividem”, apontou.
“A partir desta grande cidade e deste nobre país, quero colocar no seu Coração a fé e o futuro de todo o continente europeu, sobre o qual tenho pensado nestes dias, e de modo particular a causa da paz. Virgem Santa, olha para os povos que mais sofrem. Olha, sobretudo, para o vizinho povo ucraniano, martirizado, e para o povo russo, a Vós consagrados”, afirmou.
“Tu és a Rainha da paz, infunde nos corações dos homens e dos líderes das nações o desejo de construir a paz, de dar às jovens gerações um futuro de esperança, não de guerra; um futuro cheio de berços, não de túmulos; um mundo de irmãos, não de muros”, rezou o Papa.
Depois do almoço, antes de se dirigir ao aeroporto, Francisco visita a Faculdade de Informática e Biónica da Universidade católica Péter Pázmány e o regresso a Roma está previsto para as 20h00 locais (menos uma em Lisboa).
(Com Ecclesia e Vatican News)