Presidentes das Conferências Episcopais vão encontrar-se com Francisco de 21 a 24 de fevereiro de 2019
O Papa Francisco convocou os presidentes de todas as Conferências Episcopais do mundo para um encontro no Vaticano, de 21 a 24 de fevereiro de 2019, dedicado ao tema da “proteção dos menores”.
O anúncio foi feito hoje pela sala de imprensa da Santa Sé, sublinhando que a proposta partiu do conselho consultivo de cardeais, o chamado ‘C9’, para abordar a questão da prevenção de abusos sobre menores e adultos vulneráveis.
“O Conselho refletiu amplamente com o Santo Padre sobre o tema dos abusos”, assinala a nota oficial.
Na última segunda-feira, o ‘C9’, manifestou a sua solidariedade ao Papa, em comunicado divulgado pela Santa Sé.
“[O Conselho de Cardeais] manifestou plena solidariedade ao Papa Francisco perante quanto aconteceu nas últimas semanas, consciente de que no atual debate a Santa Sé vai formular os eventuais e necessários esclarecimentos”, assinala o texto.
Francisco tem recusado comentar as acusações de quem pede a sua renúncia, na sequência de uma carta divulgada pelo núncio apostólico Carlo Maria Viganò, segundo o qual teria protegido o arcebispo emérito de Washington, o ex-cardeal McCarrick.
Já esta quinta-feira, o Papa vai receber no Vaticano o cardeal Daniel DiNardo, arcebispo de Galveston-Houston e presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos da América, juntamente com o cardeal Sean Patrick O’Malley, presidente da Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores (CPTM).
O pontífice tem repetido a necessidade de “tolerância zero” para os casos de abusos sexuais e o seu encobrimento, tendo criado a CPTM, que reúne especialistas e vítimas, além de pedir às conferências episcopais que promovam uma melhor formação para os sacerdotes e implementem diretivas para evitar que estas situações se repitam.
A 20 de agosto, o Papa reagiu com uma carta às recentes crises provocadas pelos casos de abusos sexuais nos EUA e noutros países, reafirmando a necessidade de “tolerância zero” e responsabilização de quem cometeu ou ocultou tais crimes.
“A dor das vítimas e das suas famílias é também a nossa dor, por isso é preciso reafirmar mais uma vez o nosso compromisso em garantir a proteção de menores e de adultos em situações de vulnerabilidade”, pode ler-se.
Francisco assume os erros cometidos pela Igreja Católica, no passado, e diz que é preciso “pedir perdão e procurar reparar o dano causado”.
“Olhando para o futuro, nunca será pouco tudo o que for feito para gerar uma cultura capaz de evitar que essas situações não só não aconteçam, mas que não encontrem espaços para serem ocultadas e perpetuadas”, acrescenta.
Já esta terça-feira, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse em Fátima que os abusos sexuais de menores são um mal que é preciso “erradicar”, sublinhando a existência de diretrizes do episcopado católico desde 2012.
“Não é necessário tomar medidas excecionais, porque elas estão bem vincadas, numa linha de prevenção, de proteção, numa linha de atenção àqueles que foram prejudicados”, referiu o padre Manuel Barbosa, em conferência de imprensa, após a reunião mensal do Conselho Permanente da CEP.
Para o secretário do organismo episcopal, as diretrizes para casos de abuso sexual de menores, de 2012, são “claras” e estão a ser aplicadas em Portugal, em coordenação com as “orientações” que chegam da Santa Sé.
“É preciso mantê-las bem ativas para que esses casos não aconteçam”, precisou.
O ‘guia’, dividido em 51 pontos, respondeu a uma exigência feita pela Congregação da Doutrina da Fé, organismo da Santa Sé, que em 2011 solicitou aos episcopados católicos de todo o mundo a elaboração de diretivas próprias para tratar os casos de abusos sexuais.
(Com Ecclesia)