Francisco afirma que a Igreja é chamada a mostrar sinais da presença de Deus
Na celebração das primeiras vésperas do II domingo de Páscoa Francisco sublinhou a importância do Ano da Misericórdia porque a Igreja é chamada a oferecer sinais da presença e proximidade de Deus.
“Por que motivo um Jubileu da Misericórdia, hoje? Simplesmente porque a Igreja é chamada, neste tempo de grandes mudanças epocais, a oferecer mais vigorosamente os sinais da presença e proximidade de Deus”, afirmou o Papa.
Na sua intervenção Francisco pediu para se manter “vivo o desejo de mostrar os sinais da ternura que Deus oferece ao mundo inteiro”, e sobretudo a quantos estão na tribulação, vivem sozinhos e abandonados.”
Na referência ao Ano da Misericórdia o Papa afirmou que é um ano para se sentir a presença de Deus, “a alegria de ter sido reencontrados por Jesus” e “nos darmos conta do calor do seu amor, quando nos carrega aos seus ombros e nos traz de volta à casa do Pai”.
“Eis o motivo do Jubileu: porque este é o tempo da misericórdia. É o tempo favorável para tratar as feridas, para não nos cansarmos de ir ao encontro de quantos estão à espera de ver e tocar sensivelmente os sinais da proximidade de Deus, para oferecer a todos o caminho do perdão e da reconciliação”, insistiu.
Francisco recordou ainda o desejo de paz de muitas populações “que sofrem violências inauditas de discriminação e morte, só porque possuem o nome de cristãos” e pediu mais intensidade de oração.
A Bula Misericordiae Vultus(Rosto de Misericórdia) é composta por 25 números e deseja que cada um viva a Misericórdia e se deixe surpreender por Deus.
“Misericórdia não é uma palavra abstrata, mas uma forma para reconhecer, contemplar e servir”, explica.
O desejo do Papa é que este ano seja uma oportunidade para “viver a cada dia a misericórdia” e que seja possível cada um se surpreender por Deus.
“Que neste Ano Jubilar a Igreja se possa tornar o eco da Palavra de Deus ressoa forte e determinada como palavra e gestos de perdão, apoio, ajuda, amor.
Que nunca se canse de oferecer misericórdia e seja sempre paciente no conforto e perdão. “
Francisco recuperou o ensinamento de São João XXIII, que falou do “remédio da misericórdia” e Paulo VI, que identificou a espiritualidade do Vaticano II como Samaritano.
O “Rosto de Misericórdia” também explica alguns destaques do Jubileu: primeiro o slogan “misericordioso como o Pai”, depois o convite a uma peregrinação e, especialmente, a necessidade de perdão.
O Papa dá destaque no número 15 à redescoberta das Obras de Misericórdia Espiritual e Corporal “para despertar a nossa consciência, muitas vezes apática perante o drama da pobreza, e para entrar mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina.”
Outro ponto forte do documento é o número 19 em que Francisco apela contra a violência organizada e contra os promotores ou cúmplices da corrupção.
A apresentação da Bula marca a convocação do Ano Santo que inicia a 8 de dezembro, solenidade de Maria: “para não deixar a humanidade sozinha à mercê do mal” e coincide com o 50º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II, a que a Igreja “sente a necessidade de manter vivo”.
O seu encerramento acontece “na solenidade litúrgica de Cristo Rei, a 20 de novembro de 2016”.
Este Ano Santo não é comemorado só em Roma, mas também em todas as outras dioceses do mundo. A Porta Santa será aberta pelo Papa a oito de dezembro e no domingo seguinte em todas as igrejas do mundo.
A Igreja Católica iniciou a tradição do Ano Santo com o Papa Bonifácio VIII, em 1300, e a partir de 1475 determinou-se um jubileu ordinário a cada 25 anos.
Até hoje houve 26 anos santos ordinários e dois extraordinários (anos santos da Redenção): em 1933 (Pio IX) e 1983 (João Paulo II).
O jubileu, com raízes no ano sabático dos hebreus, explica o Vaticano, “consiste num perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e na possibilidade de renovar a relação com Deus e o próximo”.
Esta indulgência implica certas obras penitenciais, como peregrinações e visitas a igrejas.
A bula de convocatória indica as datas de início e encerramento do jubileu e a forma como o mesmo vai desenrolar-se.
O termo ‘bula’ vem do latim ‘bulla’ (objeto redondo) e indicava originalmente a cápsula metálica utilizada para proteger o selo de cera que se unia a um documento de especial importância, para certificar a sua autenticidade.
Com o passar do tempo, passou a indicar primeiro o selo e depois o próprio documento.
CR/Ecclesia