Francisco recebeu arcebispa luterana de Uppsala
O papa recebeu hoje no Vaticano a arcebispa luterana de Uppsala, na Suécia, Antje Jackelen, convidando protestantes e católicos a abordarem francamente as divergências sobre as questões da sexualidade.
“A questão da dignidade da vida humana, sempre a respeitar, é de uma atualidade urgente, como são também as temáticas da família, do casamento e da sexualidade. Estas não podem ser mortas e ignoradas por medo de se pôr em perigo o consenso ecuménico já conseguido”, declarou Francisco, defendendo perante Jackelen o diálogo entre a Igreja Católica e as Igrejas protestantes.
Em vários temas muito sensíveis, a começar pela ordenação de mulheres padres e bispas, passando pelo casamento homossexual e o divórcio, as posições da Igreja Católica e das Igrejas protestantes são irreconciliáveis, o que não facilita o diálogo diário entre cristãos nos países onde estas Igrejas coexistem.
Perante Jackelen, Francisco sublinhou que não é tempo para o desprezo recíproco: os fiéis católicos e protestantes “não devem ser percebidos como adversários ou como concorrentes, mas reconhecidos por aquilo que são: irmãos e irmãs”, e devem trabalhar em conjunto, nomeadamente na defesa dos seus “irmãos cristãos perseguidos” no mundo.
O papa sublinhou os progressos conseguidos depois do Concílio Vaticano II (1962-65), nomeadamente a publicação recente de um documento comum “Do conflito à comunhão: a comemoração comum luterano-católica da Reforma em 2017”.
A decisão, tomada no ano passado, de comemorar em conjunto a Reforma de Lutero, cinco séculos depois do monge alemão ter decidido publicar as suas 95 teses a criticar as indulgências no Vaticano, foi o resultado de um longo trabalho nascido do espírito reformador do Concílio Vaticano II.
A rutura entre Lutero e o papa foi seguida de imensos massacres em toda a Europa, em guerras religiosas. Até ao Concílio Vaticano II dominaram as atitudes de desprezo e rejeição entre os cristãos das duas confissões.
CR/LUsa