Francisco questiona falta de tempo para «ouvir» os outros, mesmo nas famílias
O Papa disse hoje no Vaticano que a humanidade tem de redescobrir o valor da “hospitalidade” e questionou a falta de “tempo” para “ouvir” os outros, mesmo nas famílias.
“A hospitalidade surge verdadeiramente como uma virtude humana e cristã, uma virtude que no mundo de hoje corre o risco de ser descurada”, advertiu, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a recitação da oração do ângelus.
Francisco sublinhou que na sociedade atual se multiplicam “lares e asilos”, mas nem sempre se vive nestes ambientes uma “hospitalidade real”.
“Dá-se vida a várias instituições que enfrentam várias formas de doença, solidão, marginalização, mas diminui a probabilidade para quem é estrangeiro, marginalizado, excluído”, incapaz de encontrar alguém disposto a escutá-lo, a ouvir a sua “história dolorosa”.
O Papa acrescentou que mesmo nas próprias casas, entre as famílias, é possível encontrar “serviços e cuidados de vários tipos”, mas não escuta e acolhimento.
O pontífice desafiou, por isso, a “perder tempo” para ouvir os maridos, as mulheres, os filhos, os avós.
“Peço-vos que aprendam a escutar”, apelou.
A intervenção partiu de um episódio relatado no Evangelho segundo São Lucas, quando Jesus entra numa aldeia e é acolhido numa casa por duas irmãs, Marta e Maria, a primeira das quais se concentra na preparação de tudo o que é necessário para receber o visitante.
“Marta corre o risco de se esquecer da coisa mais importante, isto é, da presença do hóspede, de Jesus”, explicou o Papa.
Francisco realçou que o mais importante é “ouvir”, estar ao lado de quem veio fazer companhia.
“Se formos rezar, por exemplo, diante do crucifixo, e falamos, falamos, falamos, e depois vamos embora, não ouvimos Jesus, não o deixamos falar ao nosso coração. Ouvir. Esta é uma palavra-chave, não se esqueçam”, prosseguiu.
(Com Ecclesia)