O Papa confirmou hoje, no Vaticano, a sua intenção de assinalar os 1700 anos do primeiro concílio ecuménico da história, que aconteceu em Niceia, atual Turquia, com uma viagem ao país, a convite do patriarca Bartolomeu de Constantinopla (Igreja Ortodoxa).
“Regozijo-me pelo facto de o Patriarcado Ecuménico e o Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos terem começado a refletir sobre o modo de comemorar juntos este aniversário; e agradeço a Sua santidade Bartolomeu por me ter convidado a celebrá-lo perto do lugar onde se reuniu o Concílio. É um caminho que desejo fazer, de todo o coração”, disse, numa audiência à delegação do Patriarcado Ecuménico a Roma, por ocasião da festa dos Santos Pedro e Paulo (29 de junho).
“Espero que a memória deste acontecimento tão importante faça crescer em todos os crentes em Cristo Senhor a vontade de testemunhar juntos a fé e o desejo de uma maior comunhão”, acrescentou Francisco.
A visita anual de uma delegação do Patriarcado de Constantinopla (atual Istambul) é retribuída pelo Vaticano com a deslocação de representantes do Papa à festa de Santo André, irmão de São Pedro, que se celebra a 30 de novembro.
Francisco destacou os “laços profundos que unem as Igrejas irmãs de Roma e de Constantinopla”, e o trabalho conjunto que aborda “questões de grande relevância para as Igrejas e para o mundo, como o cuidado da criação, a defesa da dignidade humana e a paz”.
O Papa evocou, em particular, a peregrinação que fez em 2014 a Jerusalém, com o patriarca Bartolomeu.
“Dez anos depois, a história atual mostra-nos de forma trágica a necessidade e a urgência de rezarmos juntos pela paz, para que esta guerra termine, para que os chefes das nações e as partes em conflito reencontrem o caminho da concórdia e todos se reconheçam como irmãos. Naturalmente, esta invocação pela paz estende-se a todos os conflitos em curso, especialmente à guerra que está a ser travada na atormentada Ucrânia”, declarou.
Francisco convidou ainda os responsáveis ortodoxos a participar nas celebrações do Ano Santo de 2025.
O próximo Jubileu coincide com os 1700 anos do Concílio de Niceia, que abordou a data da celebração da Páscoa, e terá uma dimensão ecuménica numa das rotas de peregrinação propostas, o ‘Iter europaeum’, 28 Igrejas que se referem a 27 países europeus e à União Europeia, com alguns templos de outras comunidades cristãs.
Na bula de convocação do Jubileu 2025, o Papa convidou as Igrejas cristãs a definir uma data comum para a Páscoa, um dos temas abordados em Niceia, no ano de 325.
“Niceia constitui também um convite a todas as Igrejas e Comunidades eclesiais para avançarem rumo à unidade visível, não se cansando de procurar formas apropriadas para corresponder plenamente à oração de Jesus”, acrescentou.
Em maio, na sua passagem por Lisboa, o patriarca Bartolomeu adiantou aos jornalistas que desejava celebrar este aniversário com o Papa em Niceia, hoje a cidade turca de Iznik.
“Sua Santidade, o Papa Francisco quer celebrar em conjunto este aniversário muito importante, e planeia vir ao nosso país, para nos visitar em Constantinopla, no Patriarcado, e depois seguirmos juntos para Niceia, para Iznik, para realizarmos algumas celebrações históricas importantes neste aniversário”, referiu, em conferência de imprensa.
(Com Ecclesia e Vatican News)