O Papa denunciou hoje no Vaticano o “massacre” de Bucha, na Ucrânia, exibindo e beijando uma bandeira vinda desta cidade, perante milhares de pessoas reunidas para a audiência pública semanal, com transmissão online.
“As recentes notícias sobre a guerra na Ucrânia, mais do que trazer alívio e esperança, atestam, pelo contrário, novas atrocidades, como o massacre de Bucha. Crueldades cada vez mais horrendas, cometidas mesmo contra civis, mulheres e crianças indefesas”, disse.
Francisco apresentou, no Auditório Paulo VI, uma bandeira da Ucrânia, que chegou esta terça-feira de Bucha, e segurou-a durante alguns momentos, sob os aplausos da multidão, tendo-a beijado antes de a devolver aos responsáveis do Vaticano que o acompanhavam na cerimónia.
“Esta bandeira vem da guerra, precisamente desta cidade martirizada, Bucha. Estão aqui, também, algumas crianças ucranianas, que nos acompanham. Vamos saudá-las e rezemos juntos, com elas”, declarou.
O Papa recordou depois as vítimas do conflito, “cujo sangue inocente brada ao Céu e implora: que acabe a guerra, que as armas se calem, que se deixe de semear morte e destruição.
“Rezemos juntos, por esta intenção”, pediu.
As crianças levaram desenhos ao Papa e receberam, como presente, ovos de Páscoa.
“Estas crianças tiveram de fugir e chegar a uma terra estranha, este é um dos frutos da guerra. Não as esqueçamos e não nos esqueçamos do povo da Ucrânia”, afirmou Francisco.
“É duro ser arrancado da própria terra, por causa de uma guerra”, acrescentou.
Na sua catequese, o Papa condenou a lógica dos Estados “poderosos”, contra o direito dos “pequenos”, pedindo respeito pela “lógica da liberdade”.
A intervenção lamentou o regresso da “velha história de grandes potências em concorrência”, após os sonhos de paz que surgiram na sequência da II Guerra Mundial (1939-1944).
“Na atual guerra na Ucrânia, assistimos à impotência das organizações das Nações Unidas”, lamentou.
A União Europeia e a Ucrânia criaram uma equipa de investigação conjunta para “recolher provas e investigar crimes de guerra e crimes contra a Humanidade”.
“Os perpetradores destes crimes hediondos não podem ficar impunes”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em comunicado de imprensa.
Análises feitas às imagens de satélite das ruas de Bucha, nos arredores da capital ucraniana, mostram que os civis estavam mortos há mais de três semanas e não foram movidos, contrariando a versão russa de que se trataria de uma encenação.
(Com Ecclesia)