O Papa Francisco celebra esta sexta-feira o 50.º aniversário de ordenação sacerdotal, que aconteceu em Buenos Aires, quanto tinha 33 anos de idade.
Jorge Mario Bergoglio, religioso jesuíta, tem como lema ‘Miserando atque eligendo’, frase que evoca uma passagem do Evangelho segundo São Mateus: “Olhou-o com misericórdia e escolheu-o”.
Segundo o próprio, a sua vocação sacerdotal remonta a 21 de setembro de 1953 – dia da festa litúrgica de São Mateus- quando, durante uma confissão, teve uma profunda experiência da misericórdia de Deus.
O portal de notícias do Vaticano destaca vários ensinamentos do atual Papa sobre a vida dos sacerdotes católicos, que “se comovem diante das ovelhas, como Jesus, quando via as pessoas cansadas e exaustas como ovelhas sem pastor”.
A proximidade é uma das marcas destacadas no especial sobre o 50.º aniversário de ordenação, citando um discurso aos párocos de Roma em que o Papa Francisco pedia atenção às “pessoas feridas”, na Igreja e na sociedade.
Segundo o Papa, o padre tem de colocar Jesus no centro da sua vida, renovando diariamente as promessas da sua ordenação.
“Na celebração eucarística reencontramos todos os dias esta nossa identidade de pastores”, refere.
Outro tema da vida sacerdotal a que o Papa dá particular relevo é o sacramento da Reconciliação e a atitude no confessionário.
“É normal que haja diferenças de estilo entre os confessores, mas estas diferenças não dizem respeito à substância, isto é, à sã doutrina moral e à misericórdia. Nem o laxista nem o rigorista dão testemunho de Jesus Cristo, porque nem um nem o outro se encarregam da pessoa que encontram”, advertiu.
O ‘Vatican News’ destaca ainda as recomendações sobre a vida de oração, a devoção a Maria e a luta contra o diabo, além de realçar que a Igreja “não pode nem deve ficar à margem da luta pela justiça”.
A 4 de agosto deste ano, o Papa enviou uma carta aos padres de todo o mundo, no 160.º aniversário da morte do Santo Cura d’Ars, padroeiro dos párocos católicos, num momento de crise, provocado pelos sucessivos casos de abusos.
“Nos últimos tempos, pudemos ouvir mais claramente o clamor – muitas vezes silencioso e silenciado – de irmãos nossos, vítimas de abusos de poder, de consciência e sexuais por parte de ministros ordenados. Sem dúvida, é um período de sofrimento na vida das vítimas, que padeceram diferentes formas de abuso, e também para as suas famílias e para todo o Povo de Deus”, escreveu.
Num texto com cerca de 10 páginas, o Papa destaca a importância da vocação sacerdotal, com gratidão e respeito pelos compromissos assumidos, “com Jesus e com o povo”.
A carta repete várias vezes a palavra “obrigado” e agradece pela “dedicação e missão” dos sacerdotes católicos, nas várias dimensões do seu ministério.
No 50.º aniversário de ordenação sacerdotal de Jorge Mario Bergoglio, a revista “Civiltà Cattolica”, da Companhia de Jesus, apresenta os “Escritos” do padre Miguel Ángel Fiorito, jesuíta argentino falecido em 2005, considerado “um dos grandes mestres” do atual Papa.
Francisco assina o prefácio da obra, elogiando “um homem de diálogo e de escuta” que soube “sentir e saborear” as pegadas de Deus no seu coração e ensinar os outros, mantendo-os afastados dos enganos do “espírito do mal
O Papa vai estar pessoalmente, esta sexta-feira, pelas 18h30 (menos uma em Lisboa) na Cúria Geral da Companhia de Jesus, para o lançamento dos “Escritos”, organizados em cinco volumes.
“Os seus escritos destilam a misericórdia espiritual, ensinamentos para quem não sabe, bons conselhos para quem precisa, correção para quem comete erros, consolo para os tristes e ajuda a ter paciência na desolação”, escreve Francisco.
(Com Ecclesia)