O Papa presidiu hoje à Via-Sacra no Vaticano, na qual leu as orações rituais, permanecendo em silêncio perante as meditações escritas por crianças italianas, com reflexões sobre os sofrimentos dos mais novos.
“Meu querido e bom Jesus, sabeis que há crianças no mundo que não têm que comer, não têm instrução escolar, são exploradas e obrigadas a combater”, referia a oração inicial.
A Via-Sacra desta Sexta-feira Santa contou este ano com inéditas meditações de crianças, que evocaram problemas na escola e mortes provocadas pela pandemia de Covid-19.
“No último ano, não voltamos a visitar os nossos avós com a família; os meus pais dizem que é perigoso, poderíamos fazê-los adoecer de Covid. Sinto falta deles! Tal como sinto falta das amigas de voleibol e do escutismo. Muitas vezes sinto-me sozinha”, referia um dos textos lidos celebração, que este ano decorreu na Praça de São Pedro.
A preparação dos textos e desenhos para envolveu 500 crianças e adolescentes da catequese da paróquia romana dos Santos Mártires de Uganda,;145 escuteiros do grupo Agesci de “Foligno I”, na Itália; 30 crianças e jovens da casa-família “Tetto Casal Fattoria”, em Roma; e oito crianças, entre os 3 e 8 anos de idade, da casa “Mater Divini Amoris”, também na capital italiana.
Esta foi a segunda vez que Francisco não esteve no Coliseu para presidir à Via-Sacra, à imagem do que aconteceu em 2020, devido às medidas sanitárias em vigor na Itália.
Simbolicamente, 20 crianças e jovens de Roma e Foligno estiveram ao lado do Papa Francisco na Praça de São Pedro, acompanhada por milhões de pessoas em todo o mundo, através dos media.
As reflexões dos mais novos falavam das escolas fechadas, da “tristeza da solidão”, e do impacto da pandemia.
“Da ambulância desceram homens, que pareciam astronautas munidos de toucas, luvas, máscaras e viseiras, e levaram o avô que, já há alguns dias, sentia dificuldade em respirar. Foi a última vez que vi o avô; morreu poucos dias depois no hospital, sofrendo – imagino – também pela solidão”, escreveu uma das crianças.
A celebração foi transmitida pelos canais do Vaticano, a partir do adro da Basílica de São Pedro.
As estações ficaram localizadas ao redor do obelisco e ao longo do caminho que leva ao adro da Basílica; tochas no chão formaram uma grande cruz luminosa, na praça vazia.
A cruz foi transportada por um grupo de crianças e educadores, responsáveis pelos desenhos e meditações – lidas pelos próprios autores.
Simbolicamente, a cruz foi entregue ao Papa, na 14ª e última estação.
“Senhor, Pai bom, comemoramos, este ano também, a Via-Sacra do vosso Filho Jesus, e fizemo-lo com as vozes e as orações das crianças, por Vós mesmo apontadas como exemplo para entrar no vosso Reino. Como elas, ajudai-nos a tornar-nos pequeninos, necessitados de tudo, abertos à vida. Fazei-nos readquirir a pureza do olhar e do coração”, referia a oração conclusiva.
Várias crianças correram para junto do Papa, no final da oração, e estiveram alguns momentos junto de Francisco, acompanhando-o à sua saída.
(Com Ecclesia)