Cónego José Medeiros Constância assinalou as bodas de ouro sacerdotais numa celebração presidida pelo bispo de Angra
O Pe. José Medeiros Constância, vice-reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres e cónego capitular da Sé de Angra é, desde o passado dia 8 de maio, capelão de Sua Santidade o Papa Francisco, que lhe atribuiu o título eclesiástico de Monsenhor.
Trata-se de uma honra conferida pelo Papa ao clero infra-episcopal da Santa Sé, por serviços prestados à Igreja ou pelo exercício de funções eclesiásticas de governo ou de diplomacia. É também concedido ao clero diocesano (como neste caso!) por proposta de cada bispo, por intermédio das Nunciaturas Apostólicas, sendo que o título não pode ser atribuído a mais de 10% do clero diocesano.
Desde a sua eleição, em março de 2013, o Papa Francisco anunciou a suspensão da concessão de títulos de Monsenhor, com exceção dos diplomatas da Santa Sé. Entre os Monsenhores há três categorias- Protonotário Apostólico, Prelado de Honra e Capelão- e só esta última é atribuída ao clero diocesano.
O título de Monsenhor é concedido durante munere, isto é, enquanto exercer o cargo ou se dele ficar com dignidade emérita.
Monsenhor José Constância é um dos sacerdotes mais experimentados no governo das diversas estruturas eclesiásticas diocesanas e acaba de cumprir 50 anos de ordenação sacerdotal.
Esta sexta feira o bispo de Angra, que presidiu à celebração da festa jubilar, falou sobre o papel do sacerdote- “não só aquele que fala de Deus mas o que permite ver Deus na sua vida em cada gesto e cada atitude”-, lembrando que é a ele que compete mobilizar, em primeiro lugar, uma comunidade para que esta sinta o apelo de ser evangelizadora.
D. João Lavrador comparou o sacerdote ao semeador, e a partir do exemplo de São João Crisóstemo, o santo e doutor da Igreja, cuja memória litúrgica se assinalou esta sexta feira (tal como no dia da ordenação do Pe. José Medeiros Constância há 50 anos) destacou as qualidades de semeador do sacerdote jubilado, na coerência e na fidelidade a Jesus, sublinhando que o Pe. José Constância é uma das “presenças e a consciências ativas do concílio” na diocese insular, que soube animar ao longo de toda a vida, “lutando com tenacidade, espírito de fé e de vida, fidelidade e sacrifício”, as comunidades paroquiais, o Seminário , os movimentos e outras realidades que abraçou “sempre com dedicação”.
“Temos de dar graças a Deus por estas memórias vivas : pela sua dedicação, pelo seu trabalho e desejo de renovação constante, com algum sofrimento pela falta de concretização de alguns desses sonhos, mas dar graças pela forma como proclamou, viveu, e testemunhou, em tantos contextos da nossa diocese este amor e fidelidade a Jesus”, disse o bispo de Angra.
“Tudo isto nós agradecemos e nos compromete a nós” frisou lembrando a nova etapa diocesana, que inicia uma caminhada sinodal e que “é um convite a que todos os batizados se assumam como pedras vivas, conscientes e ativas, para que a Igreja seja ministerial e a partir de todos seja capaz de evangelizar este mundo em que nos encontramos”, disse D. João Lavrador.
“Nós, Igreja, somos o sinal visível do reino de Deus e por isso temos de fazer transparecer na vida pessoal e comunitária aquilo que o reino é para toda a humanidade”, concluiu.
Monsenhor José Medeiros Constância nasceu a 9 de Dezembro de 1946, na Relva, ilha de São Miguel e depois de completar o Ensino Primário na sua freguesia natal, frequentou o Seminário Menor do Senhor Cristo e depois o Seminário Episcopal de Angra.
Foi ordenado pelo bispo D. Manuel Afonso de Carvalho, a 13 de Setembro de 1969, na sua terra natal e celebrou missa nova no dia seguinte.
Em Outubro de 1969 foi nomeado prefeito e professor do Colégio Seminário em Ponta Delgada, tendo trabalhado também durante três anos com a juventude da Ilha de São Miguel e como Diretor Espiritual dos Cursos de Cristandade, continuando até hoje a servir este movimento.
De 1972 a 1980 trabalhou pastoralmente na Ilha de Santa Maria, onde foi Capelão do Aeroporto, Pároco de Vila de Porto, Ouvidor e Vigário Episcopal.
De 1980 a 1982 esteve em Roma, em estudos Universitários, onde frequentou a Pontifícia Universidade Lateranense, tendo obtido a Licenciatura em Teologia Pastoral e também o Diploma “ De Re Pastoralis Peritus”.
Regressado à Diocese foi professor de Teologia Pastoral no Seminário de Angra e de Catequética de 1982 a 1986 e Diretor do Secretariado Diocesano da Catequese. Em 1986 foi nomeado pároco de São Pedro de Ponta Delgada e Capelão do Estabelecimento Prisional desta cidade. De 1993 ao ano 2000 foi Ouvidor de Ponta Delgada.
Em 1994, após a elaboração e aprovação do Plano Diocesano de Pastoral, foi nomeado pároco da Relva , tendo ficado encarregue da missão de difundir o referido plano por toda a Diocese.
Em 1997 foi nomeado Vigário Episcopal para a Pastoral Diocesana e ao mesmo tempo Coordenador Pastoral da Ilha de São Miguel, cargos que exerceu até 2003. De 1998 a 2000 foi ainda Administrador Paroquial das paróquias de Feteiras e Candelária.
Foi também Assistente do Sector Oriental da Região Açores do Movimento das Equipas de Casais e Diretor dos Secretariados da Pastoral Social, da Pastoral Escolar (E.M.R.C.), Primeiro Assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz e ainda Assistente do Serviço Diocesano de Apoio à Pastoral Familiar.
Em 2006 foi nomeado de novo Ouvidor de Ponta Delgada, cargo que ainda exerce, tendo sido também Capelão Adjunto da Clínica de Bom Jesus.
Em Novembro de 2014 foi nomeado Cónego do Cabido Catedralício da Sé de Angra e de 2016 a 2019 exerceu o cargo de Assistente Nacional do Movimento Familiar “Por um Lar Cristão”, nomeado pela Conferência e Episcopal Portuguesa.
Membro do Colégio de Consultores desde o início e membro do Conselho Presbiteral é, também, o Delegado dos Ouvidores no Conselho Pastoral Diocesano.
Em 2017 foi nomeado Vice-Reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo.
Diretor do Instituto Católico de Cultura, desde a sua reativação em 2018, foi agora nomeado membro da Comissão Diocesana Coordenadora da Caminhada Sinodal.