Papa anuncia criação de nova Congregação para a Família na Cúria Romana

Anúncio feito no início de reunião geral do Sínodo dos Bispos

O Papa anunciou hoje a criação de uma nova congregação da Cúria Romana para as áreas da Família, Leigos e Vida, ao inaugurar a reunião geral do Sínodo dos Bispos que decorre esta tarde no Vaticano.

Francisco informou ainda os participantes que uma comissão de estudos vai determinar a nova estrutura, que congregará o atual Conselho Pontifício para a Família, o Conselho Pontifício para os Leigos e a Academia Pontifícia para a Vida.

O anúncio dá mais relevo à área da Família dentro dos organismos centrais de governo da Igreja Católica, que colaboram mais diretamente com o Papa.

A proposta de alteração tinha sido feita em setembro pelo conselho consultivo de cardeais.

Em Portugal, a Conferência Episcopal tem uma Comissão para o Laicado e Família desde 2005.

No final dos trabalhos, o presidente do Conselho Pontifício para a Família, D. Vincenzo Paglia, saudou uma decisão que era aguardada.

“Estamos muito satisfeitos”, disse à Agência ECCLESIA e Família Cristã, a respeito da nova Congregação da Cúria Romana.

Tal como tinha sido anunciado, os participantes com direito a voto no Sínodo dos Bispos receberam esta tarde a proposta de relatório final, à qual poderão fazer sugestões de mudança na próxima reunião geral, sexta-feira de manhã, anunciou o cardeal Oswald Gracias, um dos responsáveis pela elaboração do texto.

“Estou muito confiante, tenho uma ideia muito clara de que temos – há muitas opiniões – fazer um texto que expresse as preocupações de todos e dê orientações pastorais que sejam aceitáveis para todos”, disse o presidente da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas e arcebispo de Bombaim (Índia), em conferência de imprensa.

O responsável revelou que a comissão responsável pelo relatório, com dez elementos, recebeu uma visita breve do Papa, para “agradecer o trabalho”, encorajar os participantes e fazer uma referência à “importância da família e da Bíblia”.

“A doutrina, naturalmente, não será mudada”, sustentou o cardeal Gracias, após revelar que existiram 700 a 800 propostas de alterações dos grupos de trabalho, em cinco línguas.

O esforço de organização e redação do relatório final ultrapassou o tempo estabelecido, pelo que foi preciso acrescentar uma manhã de trabalho sobre as emendas.

O texto, que é apresentado esta tarde aos participantes, procurou captar “qual era o sentido da assembleia”, para tentar apresentar uma visão “equilibrada”, sem querer propor “todas as respostas”.

“Este Sínodo não está a fazer doutrina, mas procura uma aproximação pastoral”, com um discurso mais geral, acrescentou o cardeal indiano.

Para já, o relatório final tem menos de 100 parágrafos que os participantes vão discutir também na manhã de sexta-feira, antes de serem votados um a um e numa votação global do texto, este sábado.

“Ainda estamos no caminho da busca”, acrescentou o responsável.

Segundo D. Oswald Gracias, o Sínodo tem debatido a necessidade de “descentralização”, para enfrentar temas específicos, situações particulares, embora a Igreja “seja una”.

“As conferências episcopais podem estudar as questões” para encontrar “soluções pastorais”, precisou.

O encontro com os jornalistas contou ainda com a presença de D. José H. Gómez, arcebispo de Los Angeles (EUA), o qual admitiu que gostaria de ver mais desenvolvidos temas como “imigração”, a “educação” ou a situação dos “indocumentados”.

Para o prelado, há necessidade de aprofundar as propostas de “espiritualidade”, para que o Sínodo ajude as famílias a encontrar novas maneiras de serem “membros ativos da Igreja”.

D. Soane Patita Paini Mafi, de Tonga, o mais jovem membro do Colégio Cardinalício, falou dos desafios que se colocam aos “valores tradicionais familiares” face um período de transição, de globalização, com os desafios do “individualismo” e das “migrações”.

CR/Ecclesia

 

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