O Papa antecipou hoje, no Vaticano, a sua inédita viagem ao Barém, que se inicia esta quinta-feira, falando numa visita “marcada pelo diálogo”, particularmente com o Islão.
“Será uma viagem marcada pelo diálogo. Vou participar, de facto, num fórum que reflete sobre a imprescindível necessidade de que Oriente e Ocidente se encontrem para o bem da convivência humana”, disse, após a recitação da oração do ângelus, na solenidade de Todos os Santos.
Francisco destacou os encontros previstos com vários responsáveis religiosos, em particular islâmicos, até domingo.
“Peço a todos que me acompanhem com a oração, para que cada encontro e evento seja uma ocasião profícua para apoiar, em nome de Deus, a causa da fraternidade e da paz, de que os nossos tempos têm uma necessidade extrema e urgente”, declarou.
Francisco vai ser o primeiro Papa a visitar o Reino do Barém, a convite das autoridades civis e eclesiásticas, num regresso à Península Arábica, onde esteve em fevereiro de 2019.
A viagem decorre por ocasião do ‘Fórum do Barém para o Diálogo’, entre quinta-feira e domingo.
“Desejo saudar e agradecer de coração ao rei, autoridades, irmãos e irmãs na fé e toda a população do país, especialmente aos que, há muito tempo, trabalham na preparação desta visita”, disse o Papa, desde a janela do apartamento pontifício.
Esta vai ser a 39ª viagem internacional do pontificado e a quarta em 2022; dentro da Itália, o Papa fez 31 visitas pastorais, a 41 localidades, desde 2013.
Do programa, divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, destaca-se a Missa que o Papa vai presidir no Estádio Nacional do Barém, em Awali, a 5 de novembro, para além de vários encontros e discursos em quatro dias de viagem.
D. Paul Hinder, vigário apostólico emérito da Arábia meridional e administrador apostólico do Vicariato da Arábia setentrional, referiu num encontro com jornalistas que a viagem quer destacar o papel do Barém como “um país que seja construtor de pontes, na região”.
“Pode desempenhar um papel especial”, destacou o responsável católico, numa sessão online promovida pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
O religioso capuchinho, de 80 anos, espera que o Papa leve à região uma “mensagem de paz”, promovendo um diálogo “positivo e construtivo” entre as várias comunidades religiosas.
“O Papa nunca se cansa de dar todos os contributos para que se construam pontes”, insistiu.
O administrador apostólico do Vicariato da Arábia setentrional sublinhou que o entendimento é possível no diálogo entre cristãos e muçulmanos.
O responsável católico lamenta a falta de “locais de culto suficientes” para os mais de um milhão de católicos na Arábia Saudita, que vão atravessar a ponte que os liga ao Barém, para estar com Francisco.
D. Paul Hinder espera uma manifestação de “grande alegria” na Missa pública que vai ser presidida pelo Papa, com cerca de 28 mil pessoas.
A Igreja local, acrescentou, está atenta aos problemas dos trabalhadores migrantes, apesar dos seus poucos recursos, à “delicada situação” das mulheres que são vítimas de tráfico humano e aos casos de escravidão.
O administrador apostólico disse que informa regularmente Francisco sobre a situação no Iémen, que considera um “desastre”.
O Barém tem uma população de 1,7 milhões de pessoas, mais da metade dos quais migrantes; os cristãos representam 14% dos habitantes, incluindo 80 mil católicos, sobretudo migrantes das Filipinas e da Índia, servidos por duas paróquias.
(Com Ecclesia)