Francisco e Cúria Romana iniciam semana de exercícios espirituais, na Quaresma
O Papa alertou hoje no Vaticano para as “tentações” do poder e da desconfiança, que afetam a vida espiritual dos católicos.
“O apego às coisas, a desconfiança e a sede de poder são três tentações difundidas e perigosas que o demónio usa para nos separar do Pai e não nos fazer sentir como irmãos e irmãs entre nós, levando-nos à solidão e ao desespero”, disse, antes da recitação da oração do ângelus, no primeiro domingo da Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa.
Comentando a passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 4, 1-11), lida nas igrejas de todo o mundo, nas celebrações dominicais, Francisco evocou a imagem de Jesus no deserto, “tentado pelo diabo”, aquele que “divide”.
“Jesus vence as tentações. Como? Evitando discutir com o diabo e respondendo com a Palavra de Deus”, assinalou.
O Papa repetiu, na sua intervenção, perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, que “com o diabo não se discute, com o diabo não se dialoga”.
“A palavra divina é a resposta de Jesus à tentação do diabo”, acrescentou.
Francisco recomendou aos católicos que recorram à Bíblia nas suas “lutas espirituais”.
A partir desta tarde, o Papa e os seus colaboradores iniciam os exercícios espirituais de Quaresma, semana dedicada à oração e reflexão.
Segundo nota divulgada pelo Vaticano, Francisco “convidou os cardeais residentes em Roma, os chefes de Dicastério e os superiores da Cúria Romana a viver de forma pessoal um período de exercícios espirituais, suspendendo a atividade laboral e recolhendo-se em oração”, até 3 de março.
Pelo terceiro ano consecutivo, o habitual “retiro” de Quaresma do Papa e dos seus mais diretos colaboradores vai decorrer de forma privada, sem deslocação à Casa do Divino Mestre, em Ariccia, arredores de Roma.
Nesta semana, todos os compromissos de Francisco são suspensos, incluindo a audiência geral da quarta-feira.
Entretanto, o Santo Padre confessou-se entristecido com o naufrágio que este domingo vitimou dezenas de migrantes, incluindo um recém-nascido, nas costas da Calábria, sul de Itália.
“Soube, com dor, do naufrágio que aconteceu na costa da Calábria, junto a Crotone”, disse Francisco, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
Pelo menos 43 migrantes morreram quando o barco em que viajavam se afundou ao largo da costa da Calábria, segundo um novo balanço divulgado pela Guarda Costeira da Itália; há 80 sobreviventes, vários dos quais se encontram feridos.
“Rezo por cada um deles, pelos desaparecidos e pelos outros migrantes sobreviventes. Agradeço a todos os que levaram socorro e aos que oferecem acolhimento. Que Nossa Senhora apoie estes nossos irmãos e irmãs”, declarou o Papa.
Os corpos foram encontrados esta manhã na praia da área de Steccato, a 20 quilómetros de Crotone.
Estima-se que o número de mortos venha a aumentar, dado que na embarcação, oriunda da Turquia, viajavam 180 migrantes, provenientes do Irão, Afeganistão e Paquistão.
(Com Ecclesia)