Papa alerta para “gula” do consumismo, que destrói o planeta

 

O Papa alertou hoje no Vaticano para a “gula” do consumismo, que está a destruir o planeta, apelando à “sobriedade” na vida pessoal e social.

“Se o lermos do ponto de vista social, a gula é talvez o vício mais perigoso, que está a matar o planeta. Porque o pecado de quem cede diante duma fatia de bolo, considerando tudo, não causa grandes danos, mas a voracidade com que nos soltamos, desde há alguns séculos, em relação aos bens do planeta está a comprometer o futuro de todos”, advertiu, durante a audiência pública semanal.

“Peçamos ao Senhor que nos ajude no caminho da sobriedade, que todas as formas de gula não se tornem donas da nossa vida”, acrescentou.

Falando perante milhares de pessoas reunidas no Auditório Paulo VI, Francisco prosseguiu o ciclo de reflexões sobre “virtudes e vícios”, que está a apresentar semanalmente, falando esta manhã da “gula”, considerada na tradição católica como um pecado capital.

O Papa alertou para a tentação de o ser humano se considerar “dono de tudo”, dando lugar a uma lógica de “exploração” em vez de “custodiar” os recursos naturais que foram colocados à sua disposição.

“Eis então o grande pecado, a fúria do ventre: renunciamos ao nome de homens, para assumir outro, o de consumidores. Hoje fala-se assim, na vida social, consumidores”, lamentou.

“Fomos feitos para ser homens e mulheres eucarísticos, capazes de agradecer, discretos no uso da terra, e em vez disso o perigo é o de nos transformarmos em predadores. Agora estamos a perceber que esta forma de gula faz muito mal ao mundo”.

A reflexão sobre o “vício da gula” começou por sublinhar a necessidade de uma relação equilibrada com a alimentação, para que a pessoa evite tornar-se “escrava” da comida.

Francisco apontou a uma sociedade em que “se manifestam muitos desequilíbrios e patologias”, com “doenças, tantas vezes muito dolorosas, que estão principalmente ligadas aos tormentos da psique e da alma”.

“Comemos demasiado, ou demasiado pouco. Muitas vezes comemos sozinhos. Os distúrbios alimentares estão a espalhar-se: anorexia, bulimia, obesidade”, observou.

“A alimentação é a manifestação de algo interno: a predisposição ao equilíbrio ou à falta de moderação; a capacidade de agradecer ou a pretensão arrogante de autonomia; a empatia de quem sabe repartir a comida com o necessitado, ou o egoísmo de quem guarda tudo para si. Isto é muito importante: diz-me como comes e eu dir-te-ei que alma tens”.

Nas saudações finais, o Papa dirigiu-se aos peregrinos de língua portuguesa, com votos de sejam “sinal de confiança e esperança”.

Falando aos polacos presentes no Vaticano, Francisco quis lembrar que “a paz, tão desejada por todos, nasce no coração humano”.

“Renovemos a nossa proximidade na oração ao querido povo ucraniano, tão submetido à provação, e a todos os que sofrem o horror da guerra na Palestina e em Israel, bem como noutras partes do mundo”, apelou.

“Rezemos, rezemos por estas pessoas que sofrem com a guerra e rezemos ao Senhor, para que plante no coração das autoridades dos países a semente da paz”, concluiu.

(Com Ecclesia)

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