Missa de Reis apela a fé concreta, vivida com atenção aos mais pobres
O Papa presidiu hoje no Vaticano à Missa da solenidade da Epifania, conhecida popularmente como “Dia de Reis”, alertando para o que designou como “ideologias” que dividem a Igreja.
“Em vez de nos dividirmos com base nas nossas ideias, somos chamados a colocar Deus no centro, longe das ideologias eclesiásticas”, referiu, na homilia da celebração que decorreu na Basílica de São Pedro.
Francisco usou a imagem da estrela, que segundo o relato evangélica teria conduzido os sábios do Oriente ao encontro de Jesus, em Belém, para desafiar os católicos a “abrir frestas de luz nas densas trevas que envolvem muitas situações sociais”.
“Que o caminho da fé não se reduza a um conjunto de práticas religiosas ou a um hábito exterior, mas se torne um fogo que arde dentro de nós e nos faz tornar apaixonados indagadores do rosto do Senhor e testemunhas do seu Evangelho”, apelou.
O Papa falou na necessidade de assumir o “risco” do serviço aos outros e do anúncio do Evangelho.
“O Deus que nos vem visitar, não o encontramos permanecendo firmes numa bela teoria religiosa, mas somente pondo-nos a caminho, procurando os sinais da sua presença nas realidades quotidianas e, sobretudo, encontrando e tocando a carne dos irmãos”, sustentou.
“Como é importante encontrar Deus em carne e osso, nos rostos que dia a dia se cruzam connosco, especialmente os dos mais pobres. Com efeito, os Magos ensinam-nos que o encontro com Deus nos abre a uma esperança maior, que nos faz mudar estilos de vida e transformar o mundo”, afirmou Francisco.
Citando Bento XVI, o Papa Francisco convidou a superar a busca de “bens e consolações mundanas, que hoje existem e amanhã desaparecem”.
Os Magos, precisou, “têm os olhos apontados para o céu, os pés a caminho, na terra, o coração prostrado em adoração”.
Francisco retomou um pedido que tem repetido, no seu pontificado, para que as comunidades católicas recuperem “o gosto da oração de adoração”.
“Como os Magos, levantemos os olhos para o céu, ponhamo-nos a caminho à procura do Senhor, inclinemos o coração em adoração”, concluiu.
A Missa foi concelebrada por 32 cardeais, 16 bispos e 2o0 sacerdotes, segundo dados divulgados pelo Vaticano.
A Epifania, palavra de origem grega que significa ‘brilho’ ou ‘manifestação’, celebra-se sempre a 6 de janeiro nos países em que é feriado civil; nos outros países, assinala-se no segundo domingo depois do Natal, como acontece em Portugal, este ano, a 7 de janeiro.
Na Missa deste dia, depois do Evangelho, anunciam-se as festas móveis do calendário litúrgico, segundo a fórmula indicada pelo Missal Romano: “Sabei, irmãos caríssimos, que, pela misericórdia de Deus, assim como nos alegramos com o Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, também vos anunciamos a alegria da Ressurreição de Jesus, nosso Salvador”.
(Com Ecclesia)