O Papa Francisco pediu hoje uma “ecologia da comunicação” aos media, lembrando que existe o outro para além “das notícias e ‘furos’”, e apontou os caminhos da formação, proteção e testemunho.
“Encorajo-vos a promover uma ‘ecologia da comunicação’ nos territórios, nas escolas, nas famílias, entre vós. Vocês têm a vocação de lembrar, com um estilo simples e compreensível, que, além das notícias e dos ‘furos’, há sempre sentimentos, histórias, pessoas reais a serem respeitadas como se fossem vossos familiares”, disse o Papa a delegações de trabalhadores da Comunicação Social.
Francisco alertou que “é urgente educar o respeito e o cuidado: formar homens capazes de relações saudáveis”, como se vê pelas “notícias muito tristes” destes dias, pelas “terríveis notícias da violência contra as mulheres”.
“Comunicar é formar o homem, comunicar é formar a sociedade. Não abandone o caminho da formação, ele levará longe”, disse o Papa no discurso às delegações da Federação Italiana de Semanários Católicos, da União Italiana de Imprensa Periódica e das Associações ‘Corallo’ e ‘Aiart – Cittadini mediali’.
Segundo Francisco, comunicação é “partilhar, tecer fios de comunhão, criar pontes sem erguer muros”, e, nos últimos anos, diversas inovações afetaram o setor da Comunicação Social, por isso “é necessário renovar sempre o compromisso pela promoção da dignidade das pessoas, pela justiça e pela verdade, pela legalidade e pela corresponsabilidade educativa”.
O Papa convidou-os “a não perder de vista” três caminhos, no contexto das atuais grandes vias de comunicação, “cada vez mais rápidas e obstruídas”, e o primeiro, a formação, “não é uma tarefa simples, mas uma questão vital”, porque “o futuro da sociedade está em jogo”, destacando a “aliança intergeracional”, e afirmou que “a prudência e a simplicidade” são dois ingredientes educativos “para navegar na complexidade atual, especialmente na web”.
Os semanários católicos, realçou, levam um “olhar sábio às casas das pessoas” porque não dão apenas as notícias do momento, “que são facilmente consumidas”, mas transmitem “uma visão humana e uma visão cristã que visa formar mentes e corações”.
Sobre o caminho da proteção, explicou que é necessário “promover instrumentos que protejam todos”, sobretudo os grupos mais fracos, os menores, os idosos e as pessoas com deficiências, “da intromissão do digital e das seduções da comunicação provocativa e polémica”.
“As vossas organizações podem ajudar a proteger o crescimento da cidadania mediática; é uma questão de democracia comunicativa”, desenvolveu o Papa, e pediu que “pensem grande”, protejam a dignidade das pessoas, “através de palavras e imagens”.
Para o Papa, o testemunho “é profecia, é criatividade”, que libera e impulsiona a pessoa a “sair de sua zona de conforto para assumir riscos”, salientando que a fidelidade ao Evangelho “postula a capacidade de arriscar pelo bem”, e ir contra a maré, como: “Falar de fraternidade num mundo individualista; de paz num mundo em guerra; de atenção aos pobres num mundo intolerante e indiferente”.
Francisco destacou o exemplo do jovem Beato Carlo Acutis, que “não caiu numa armadilha, mas tornou-se testemunha da comunicação”, e convidou também a confiarem em São Francisco de Sales, o padroeiro dos jornalistas católicos.
(Com Ecclesia)