O historiador, agora presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz, lembra que o confinamento deu tempo às pessoas para se preocuparem mais com o “estar” do que com o “ter”
Francisco Maduro Dias, historiador, afirma, numa entrevista sobre o Natal, que a pandemia recentrou as pessoas com a sua humanidade levando-as a valorizar o estar em vez do ter.
“Este Natal há de permitir-nos sair da servidão estúpida a que o consumo desenfreado nos levou” , obrigando “ a pensá-lo de uma forma diferente, como que higienizada”” afirmou na entrevista que vai para o ar este domingo no programa de Rádio Igreja Açores, a ser transmitido no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, depois do meio dia.
“O melhor presente que tivemos este ano foi mais do que um choque com a realidade foi um choque com a nossa humanidade e isso foi um choque benéfico” acrescenta lembrando que “este Natal diferente tem de nos fazer pensar nisto e aproveitar isto para tirar uma lição para o futuro: não é o ter mas o estar que importa”.
“O melhor presente é estar presente, mas se calhar fazendo uso das novas tecnologias que tanto nos têm aproximado nestes tempos de ausência”, refere.
“Agora já não há desculpas para estar ausente” destaca lembrando que esta é a “parte positiva” desta pandemia.
“Antes ocupávamos o espírito de Natal com compras, a desocupar espaço na carteira, seguindo uma lista infindável de presentes que tínhamos que dar a pessoas, que tinham de as receber. Estávamos sempre no domínio do ter, o que transformava esta festa numa coisa que nada tinha a ver com o seu espírito” sublinha, ainda.
“Se há coisa que a Covid 19 nos veio trazer foi perceber que temos de ter tempo para preparar as coisas; ter tempo para dedicar às coisas; ter tempo para pensar nas coisas e sobretudo nas pessoas”, esclarece.
“Se neste Natal, por causa da pandemia, percebermos até que ponto o tempo é importante nós já reaprendemos a viver o Natal” diz ainda frisando que “não temos que chorar a distância; temos é de nos fazer presentes com todas as ferramentas que temos ao dispor”.
“O que eu queria que se recordasse deste Natal não é chorar o que perdemos mas louvar o que ganhamos: tempo para estar, para pensar e para dedicar aos outros ainda que não possamos estar juntos fisicamente”, refere.
A entrevista, conduzida por Tatiana Ourique, pode ser ouvida este domingo depois do meio dia no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.