O Papa Francisco afirmou hoje que a liturgia “suspensa” no confinamento da pandemia Covid-19 e as dificuldades no seu regresso confirmam a “indicação alarmante da fase avançada da mudança de época”, que já se via nas assembleias dominicais na Itália.
“Na vida real das pessoas mudou a perceção do tempo e, consequentemente, do domingo, do espaço, com repercussões no modo de ser e sentir-se comunidade, povo, família e da relação com um território”, explicou Francisco na mensagem para a Semana Litúrgica Nacional de Itália.
Na mensagem enviada ao presidente do Centro de Ação Litúrgica, D. Claudio Maniago, e que foi lida esta manhã, o Papa assinala que a assembleia dominical se encontra “desequilibrada em termos de presença geracional, falta de homogeneidade cultural”, como também pela “dificuldade de encontrar uma integração harmoniosa na vida paroquial”.
“Para ser o verdadeiro cume de todas as suas atividades e a fonte de dinamismo missionário para levar o Evangelho da misericórdia às periferias geográficas e existenciais”, acrescentou, na mensagem assinada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin.
‘Onde estão dois ou três reunidos em meu nome. Comunidades, liturgias e território’, é o tema da Semana Litúrgica Nacional de Itália que começou hoje em Cremona, e termina esta sexta-feira, dia 26.
Francisco que está grato a Deus pela realização deste encontro, depois do seu adiamento em 2020, espera que se possa “aprofundar aspetos e situações da celebração, colocados à prova pela difusão da Covid-19 e pelas limitações necessárias para contê-la”.
A suspensão dos serviços religiosos no ano passado foi uma “triste experiência” mas “evidenciou a bondade do caminho percorrido desde o Concílio Vaticano II”, na estrada traçada pela Sacrosanctum Concilium, e “mostrou a importância da liturgia divina para a vida dos cristãos”.
“O encontro semanal em ‘nome do Senhor’, que desde as origens foi vivido pelos cristãos como uma realidade indispensável e indissoluvelmente ligada à sua identidade, foi severamente afetado durante a fase mais aguda da propagação da pandemia”, desenvolveu.
O Papa destaca que “o amor pelo Senhor e a criatividade pastoral” impeliram pastores e fiéis leigos a explorarem outras formas de “nutrir a comunhão de fé e amor com o Senhor e com irmãos, na esperança de poder voltar à plenitude da celebração eucarística em tranquilidade e segurança”.
“Foi uma espera dura e dolorosa, iluminada pelo mistério da Cruz do Senhor e fecunda com muitas obras de cuidado, amor fraterno e serviço às pessoas que mais sofreram com as consequências da emergência sanitária”, salientou.
Na mensagem divulgada pela Sala de Imprensa da Santa Sé, Francisco espera que se “possa identificar e sugerir algumas linhas de pastoral litúrgica” para propor às paróquias, na Semana Litúrgica Nacional de Itália, através das suas propostas de reflexão e momentos de celebração, presencial e online.
(Com Ecclesia)