Paga o justo pelo pecador

Igreja Açores

Por Renato Moura

Antes da corrida desmedida para transformar habitações em alojamento local para turistas, já uma senhora, possuidora de uma casa grande, costumava alugar quartos disponíveis para albergar temporariamente pessoas em visita à ilha. Nesses anos recuados costumavam aparecer alguns vendedores ambulantes sem dignidade, alguns dos quais seriam ciganos. A senhora, aparecendo depois de lhe baterem à porta, para alugar quarto, fazia-lhes perguntas: – O Senhor é ladrão? – O Senhor é cigano? Obtidas as respostas negativas, concretizava-se o aluguer do quarto. Dezenas de anos depois veio-me isto à memória!

O famigerado questionário inventado pelo 1.º Ministro, para testar as futuras escolhas para membros do governo, é tido por ridículo, cada dia mais. Não esquecer como a ideia foi mandada para o ar, por António Costa, numa súbita e impensada tentativa de sair de um fundamentado aperto da oposição na Assembleia da República. Rejeitado o truque inicial pelo Presidente da República, já este agora gostaria de o ver aplicado a todos os membros do Governo em funções. E qual o medo de António Costa ao rejeitar a aplicação aos actuais?!

Sobre a resposta ao inquérito, bem poderia dizer-se como a tal velhinha: “O papel aceita tudo o que se bota!”; não garante nada, pois para quem não for sério, de nada vale o compromisso de honra. Ademais, qualquer pessoa honesta, convidada para membro do governo, ao confrontar-se com o questionário, sentir-se-ia ofendida e rejeitaria o convite: ou seja, se há dúvidas, qual o porquê do convite?!

É evidente que têm sido alguns membros do Governo, ou outros políticos, a pôr-se a jeito para deles se ter grave suspeição. E o pior é porque, como é habitual, por causa de uns membros de uma classe, pagam outros; ou até pagam todos, sejam inocentes ou culpados.

Já, ou dentro em pouco, ninguém capaz aceita ser político e consequentemente enrolado na onda de estarem todos a roubar! Não é por se ter exercido uma actividade, ou detido uma empresa, que não se pode ser político. O critério da escolha a ter em conta é, não só a honestidade, como também as capacidades demonstradas ao longo da vida.

Ser político é servir, é doar-se.

O Papa Francisco, numa homilia, em Julho de 2013, dizia: “Por onde começar para melhorar a nossa ética quotidiana e fazê-la tornar-se uma «ética da doacção»? Por onde? Por ti e por mim! Cada qual, mais uma vez em silêncio, pergunte a si mesmo: «Se devo começar por mim, por onde começo?» Abra cada um o seu coração para que Jesus lhe diga por onde começar”.

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