Administrador Diocesano lembra que a vivência do sacerdócio, como a da vida cristã em geral, não está isenta de “dificuldades e obstáculos”
Os três sacerdotes que celebraram hoje os seus jubileus de ordenação- padre Fernando Teixeira, 60 anos e os padres José da Encarnação Cabral e Francisco Sales, 25 anos- receberam a bênção apostólica do papa Francisco, entregue pelo Administrador Diocesano, que presidiu à Eucaristia na Sé.
O cónego Hélder Fonseca Mendes disse ser um momento de graça para a diocese que apesar de não ter este ano novas ordenações sacerdotais, vê nestes três sacerdotes a “expressão viva do Evangelho” que hoje é proclamado.
“Nestes três baptizados, um dia também ordenados, expressa-se e testemunha-se o Evangelho de hoje: «Se alguém quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo”.
“Demos graças a Deus pelo dom das suas vidas e um obrigado aos agraciados” pela “ entrega à causa do Reino, razão pela qual a Igreja existe”.
A partir da liturgia, o Administrador Diocesano refletiu sobre o desafio que Jesus propôs aos discípulos e que é hoje dirigido a “cada um de nós batizados”.
“Renunciar à própria vida significa não se apoderar dela, mas entregá-la, investir, para não a perder” sublinhou o sacerdote lembrando que renunciar à vida não significa “vivê-la em solidão” ou sequer de uma forma infeliz e sofrida.
“A nossa solidão tantas vezes necessária, não será doentia se nos sentirmos na presença e em comunhão com Pai, com Cristo e com o Consolador, estando com os outros discípulos”, afirmou.
“A comunhão na Igreja é o antípoda da solidão” enfatizou, desafiando os fieis a dar um novo sentido ao sofrimento do dia-a-dia que está sempre presente, incluindo na vida dos sacerdotes.
“A ideia ingénua e ilusória de que se faz uma escolha linear para toda a vida, sem dificuldades e obstáculos, em que tudo segue em conformidade com o plano inicial, deve ser substituída pela ideia de que nada existe de mágico ou predestinado nas escolhas ainda que livres e para toda a vida” disse.
“É preciso renovar os motivos, a causa, a razão da escolha, à medida que se cresce e evolui, sempre com o esforço de discernir, reflectir e arriscar” afirmou ainda.
Por outro lado referiu o sofrimento como uma consequência do amor: o amor de Deus pelos homens e, hoje, o amor dos cristãos pelos mais frágeis e excluídos.
Este sofrimento, disse, “não é um capricho ou um gozo do Pai em fazer sangue”, afirmou. É sim “ a solidariedade com os que sofrem e a luta contra o mal”.
“Não se trata de uma cruz ornamental, de uma cruz ideológica, mas da cruz de cada dia, do cumprimento do próprio dever, do sacrifico de amor pelo próximo – pelos pais, pelos filhos, pela família, pelos amigos, pelos colegas, e até pelos inimigos, pela disponibilidade e abertura de sermos solidários com os pobres e os mais frágeis, pela não indiferença com o com o sofrimento dos outros, pela cruz dos que lutam pela justiça e da paz”, concluiu.
As bodas de prata (25 anos) dos padres José da Encarnação Cabral e Francisco Sales Diniz e as de diamante(60 anos) do padre Fernando Teixeira, foram celebradas na Catedral, seguindo-se um jantar no Seminário Episcopal de Angra, onde os presbíteros se formaram.
Todos naturais dos Açores, os sacerdotes serviram em diferentes áreas a igreja dos Açores.
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O cónego Hélder Fonseca Mendes presidiu hoje à celebração exequial do ex reitor da Universidade dos Açores, professor Machado Pires, que se realizou no cemitério de Nossa Senhora do livramento, em Angra do Heroísmo.
Paroquiano da Sé, onde nasceu e viveu até ingressar na Universidade , Machado Pires foi um destacado académico da área da Literatura sendo autor de vários livros e estudos sobre Vitorino Nemésio. Foi também um homem sempre disponível para com a Igreja tendo participado no inicio da caminhada sinodal da diocese no que respeita à caracterização dos traços da cultura dominante nos Açores de hoje Os restos mortais ficam depositados neste cemitério onde existe um jazigo da família. |