Durante o retiro foi feita uma homenagem ao Padre açoriano Manuel António Pimentel, por ocasião do 20º aniversário da sua morte
Cerca de duas dezenas de sacerdotes, três deles açorianos, oriundos de cinco dioceses, participaram esta semana no retiro dos padres do Prado que se realizou em Fátima , no Instituto Secular das Cooperadoras da Família, informa uma nota enviada ao Sítio Igreja Açores.
Os padres das dioceses de Angra, Braga, Coimbra, Porto e Setúbal foram orientados pelo padre Sérgio Braga, um dos Assistentes do Prado Internacional, refletindo sobre “O Espírito Santo no ministério de Jesus e no ministério do sacerdote”.
“Para além dos tempos comuns de oração e celebração, ao longo do retiro foi dado um largo tempo pessoal para meditação e estudo do Evangelho”, esclarece a nota.
Um dos princípios fundamentais da espiritualidade pradosiana assenta na ideia de que “conhecer Jesus Cristo é tudo”.
O Prado (Instituto secular), desenvolve uma espiritualidade de padre diocesano tendo como pilares fundamentais: O Estudo do Evangelho; A releitura de vida à luz do Evangelho; A vida em equipa e a vida fraterna.
O Prado chegou a Portugal através do padre Manuel António Pimentel, da Diocese de Angra nos anos sessenta, em pleno concílio Vaticano II.
O sacerdote açoriano que faleceu há 20 anos foi, de resto, homenageado numa das noites do Retiro.
“Muitos foram os testemunhos deixados por amigos e companheiros do padre Manuel Pimentel. Para além disso estiveram expostos alguns dos seus escritos, tais como cartas, textos, o seu testamento espiritual e o seu diário da vida até à morte” refere a nota enviada ao Sítio Igreja Açores.
O padre Manuel António Pimentel nasceu na freguesia das Furnas, S. Miguel, Açores, a 29 de julho de 1939. Foi batizado no dia 6 de agosto de 1939 na igreja de Santana das Furnas.
Estudou no Seminário de Angra, tendo sido ordenado Presbítero a 3 de junho de 1962. Estudou em Roma Direito Canónico e Teologia Moral. Aí acompanhou de perto a realização do Concílio Ecuménico Vaticano II (1962 – 1965). Terminados os estudos em Roma, regressou aos Açores, onde foi professor no Seminário Maior de Angra e no Seminário Menor de Ponta Delgada. Ao mesmo tempo foi Assistente dos Movimentos da Ação Católica – JOC (Juventude Operária Católica) e LOC (Liga Operária Católica). Desenvolveu também uma ação pedagógica junto dos trabalhadores em ordem à tomada de consciência da sua realidade, motivando-os a uma ação libertadora. Por esse motivo, após o 25 de abril, foi obrigado a sair da ilha, por influência do movimento da FLA, que estava ativo na altura. Foi então nomeado pela Conferência Episcopal para Assistente espiritual dos emigrantes em França. Depois, foi nomeado pelo Vaticano para Assistente do Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos (MMTC), com sede em Bruxelas, cargo que exerceu durante seis anos. De regresso a Portugal, de acordo com os respetivos Bispos, fixou-se na diocese de Setúbal, onde trabalhou como Pároco na Quinta do Conde e Barreiro. No ano 1998 é convidado a voltar aos Açores, como Vigário Episcopal para a Formação, acompanhando padres e leigos, tendo deixado em muitos uma marca humana e evangélica inesquecível.
“Foi como homem apaixonado por Jesus Cristo que o padre Manuel António viveu a sua fé e o exercício do seu ministério sacerdotal. Foi assim que, na sua prática pastoral e sacerdotal, procurou sempre articular a liberdade da denúncia profética das injustiças com a missão de anunciar o Evangelho como Boa Nova libertadora e fonte de vida para todos, ousando, inclusive, expor-se a críticas ou incompreensões que, no entanto, nunca o fizeram desistir do caminho evangélico que decidiu percorrer”, salienta a nota.
Em França, durante umas férias do tempo de estudante em Roma, em 1963, conheceu alguns padres que se reuniam em equipa, tendo contactado pela primeira vez com o Prado. Mais tarde aderiu à “Associação dos Padres do Prado”, fundada pelo Padre António Chevrier.
Foi o padre Manuel António Pimentel quem trouxe para Portugal o Instituto do Prado fazendo conhecer o seu espírito e respetiva dinâmica sacerdotais.
Vítima de uma doença incurável, viveu a fase final da sua vida de forma serena, apreciando sempre a presença dos amigos. Entre dezembro de 1963 e julho de 2004 escreve um “Diário de Vida até à Morte” e, com data da Páscoa de 2004, deixou um “Testamento Espiritual”, onde se pode ler: “começo por manifestar a minha profunda gratidão e o meu elevado espanto pelo dom da vida”. E termina “pedindo perdão a todos quantos ofendi, confiante no perdão do Senhor, nas suas mãos entrego toda a minha vida em Acão de Graças e pelo anúncio do Reino de Deus no Mundo: Glória ao Pai! Glória ao Filho! Glória ao Espírito Santo, agora e para sempre. Ámen!”.
O padre Manuel António Pimentel faleceu no dia 10 de setembro de 2004, em Ponta Delgada, sendo ainda hoje referenciado como “um homem livre que amava Jesus Cristo”.
O Prado em Portugal ainda continua a ser liderado por um sacerdote açoriano, o padre Emanuel Valadão Vaz, que é o atual reitor do Seminário Episcopal de Angra.
Atualmente existem padres do Prado em Angra, Braga, Coimbra, Santarém e Setúbal, que reúnem uma vez por ano em retiro aberto a outros padres diocesanos.
O dom do Prado é, igualmente dado a conhecer aos leigos. Desde 2002 há um encontro anual com leigos.
Internacionalmente existem cerca de 1200 padres com compromisso no Prado repartidos por 40 países.A maior parte dos pradosianos trabalha em paróquias, com uma atenção particular para com aqueles que se encontram nas mais variadas situações de pobreza pelo mundo fora. Uma grande parte colabora, ainda, na formação apostólica dos leigos, que são também chamados a ser discípulos de Jesus Cristo, por exemplo, abrindo com eles o Evangelho.