‘O resgate do património’ foi a reflexão proposta pela Comissão Organizadora das comemorações dos 500 anos do Convento de São Francisco em Ponta Delgada para o serão desta quinta-feira
O pároco de São José apelou esta noite, no âmbito de uma reflexão sobre o “Resgate do património”, a uma atitude mais empenhada no conhecimento e zelo por parte dos cristãos na preservação e conservação do património.
“Só conhecendo o património é que nos abrigamos nele(…)É obrigação de todos estarmos sensíveis às questões patrimoniais porque dizem da nossa identidade” referiu o padre Duarte Melo no início das duas conferências sobre o “Resgate do património” inseridas no programa comemorativo dos 500 anos do Convento de São Francisco, que se realizou esta quinta-feira à noite na Igreja Paroquial de São José, em Ponta Delgada.
“Precisamos de um olhar mais fundo: conhecer, cuidar desta herança” disse destacando, no entanto, que “só podemos zelar pelo património quando o conhecemos em profundidade e verdade.”
“Quando se fala de património falamos de futuro até para o desenvolvimento dos povos destas ilhas” explicitou ainda o sacerdote sublinhando que é preciso “intervir nele” restaurando-o e conservando-o.
Esta iniciativa teve como oradores Daniela Melo, técnica superior de Conservação e Restauro na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro, e Paulo Brasil técnico de Conservação e Restauro.
A primeira oradora falou sobre ‘A preservação documental na Biblioteca Pública e Arquivo Regional Luís da Silva Ribeiro’, a partir da exibição de documentos da Cúria diocesana que se encontram à guarda da BPARLSR, no designado Arquivo da Mitra, que constitui uma memória viva da herança material e imaterial da Igreja Açoriana.
Daniela Melo explicitou os problemas e a forma de intervir para tratar, conservar e resgatar muitos documentos que se encontram danificados e os cuidados a ter para voltarem a ter vida útil para consulta e estudo.
A jovem conservadora exibiu sobretudo registos paroquiais de batismo e outros que têm vindo a ser progressivamente tratados.
Já Paulo Brasil, restaurador, refletiu sobre ‘O que o olhar não vê, a ciência revela e o restauro descobre’, debruçando-se sobre uma peça por si recuperada pertencente ao espólio da Igreja de São José. Trata-se de uma pintura renascentista em madeira, inicialmente com uma evocação a Nossa Senhora do Rosário e que através de estudos e trabalhos de restauro na moldura e na imagem gravada sobre a madeira, com recurso a tecnologias novas, se percebeu que, afinal, a evocação inicial era a Nossa Senhora da Conceição.
O técnico de restauro apelou à realização de inventários nas Igrejas de forma a que se conheça o património e se possa, através de equipas especializadas, proceder à recuperação e conservação desse mesmo património.
A conferência ‘O resgate do património’ contou, ainda com um momento musical, pelo Coral de São José e pela organista Isabel Albergaria Sousa, antes das intervenções.
As comemorações dos 500 anos do Convento de São Francisco estão alinhadas com o itinerário sinodal diocesano do próximo biénio, inserem-se na dinâmica para o Jubileu da Esperança, convocado pelo Papa Francisco para 2025, e assume-se como “uma primeira etapa” das comemorações dos 500 anos desta diocese, que se completam em 2034.
A igreja de São José foi construída num terreno onde, no século XVI, a família Fernão de Quental e Margarida de Matos mandou construir uma ermida com invocação a Nossa Senhora da Conceição, quando já estariam em Ponta Delgada os Frades Menores (Franciscanos) da ordem religiosa fundada por São Francisco de Assis.
As comemorações têm o Alto Patrocínio do Presidente da República e o Alto Patrocínio do Presidente do Governo Regional dos Açores, sendo a Comissão de Honra presidida pelo Bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues.