`Pacto da Montanha´ cumpre primeiro ano

 

 Igreja açoriana mantém viva a subida à montanha do Pico (Com vídeo)

Cumpre-se esta quinta-feira, dia 25 de julho, um ano da subida do bispo de Angra à Montanha do Pico, acompanhado de mais de uma centena de jovens, enviados do ponto mais alto de Portugal para a primeira Jornada Mundial da Juventude que se realizou em agosto, em Lisboa.

Na ocasião, os jovens assinaram um compromisso- `O Pacto da Montanha´- pelo cuidado na Casa Comum.

“Comprometidos com a humanidade, caminharemos unidos e cuidaremos a criação”, assumiram os jovens, comprometendo-se, assim, a “viver com urgência” a “proteção, o cuidado e a dignificação” da Casa Comum “que é uma obra prima de Deus”.

“Aceitando o desafio de cuidarmos, protegermos e dignificarmos esta Casa Comum que nos é dado habitar; Afirmando a necessidade que temos uns dos outros e da responsabilidade para com os outros e para com o mundo; Sabendo que somos a mesma terra e que só caminhando juntos e unidos podemos vencer os desafios que se colocam no hoje da nossa história”, lê-se no documento assinado e que já deu alguns frutos nomeadamente no passado Dia Mundial da juventude, na Solenidade de Cristo Rei, em que várias ilhas plantaram árvores na sequência deste compromisso.

“Sabendo que somos a mesma terra e que só caminhando juntos e unidos podemos vencer os desafios que se colocam no hoje da nossa história; Assumimos e afirmamos que, “comprometidos com a humanidade, caminharemos unidos e cuidaremos da Criação”.

Um Compromisso em  10 pontos

  • Reconhecer Deus como o grande Autor desta obra de arte que é a Criação;
  • Amar esta terra e esta humanidade, com todos os seus seres e elementos;
  • Viver comprometidos com a humanidade, promovendo o seu ser família universal;
  • Caminhar unidos, valorizando o bom e o belo de cada ser vivo;
  • Dizer “não”, evitar e combater a poluição, os resíduos e a cultura do descarte, a perda da biodiversidade, a deteriorização da qualidade da vida humana e a degradação social e lutar contra a desigualdade planetária.
  • Promover uma verdadeira ecologia integral através de um contínuo processo de conversão ecológica, apontando para outro estilo de vida e vivendo uma aliança entre a humanidade e o ambiente;
  • Dispormo-nos, à luz da fé e da sabedoria que nos vem das narrações bíblicas, a descobrir a mensagem de cada criatura na harmonia de toda a criação;
  • Desejar, procurar e viver a comunhão universal;
  • Sentir que precisamos uns dos outros e que temos uma responsabilidade para com os outros e o mundo;
  • Acolher, aceitar, respeitar e amar cada pessoa como imagem viva de Jesus Cristo.

A iniciativa  “Tocar o Céu” – Celebração Diocesana de Envio à Jornada Mundial da Juventude- mobilizou 121 pessoas, na sua esmagadora maioria jovens, mas também jornalistas e responsáveis pelo Comité Organizador Diocesano  da JMJ, bem como uma jovem timorense que foi acolhida na diocese de Angra, no dia das Dioceses.

Destaca-se a participação do então Diretor Nacional da Pastoral Juvenil, padre Filipe Dinis.

A maior representação foi da ilha de São Miguel, com 41 participantes, seguindo-se São Os participantes subiram em dois grupos: o primeiro liderado pelo bispo pernoitou na cratera; o segundo grupo subiu de madrugada. Na aurora do dia foi celebrada uma eucaristia no topo da Montanha, depois de no dia 24, ter sido celebrada uma eucaristia de ação de graças, em todas as ilhas, envolvendo os jovens peregrinos que se deslocariam em agosto à Jornada Mundial da Juventude de Lisboa.

D. Armando Esteves Domingues reconheceu que “a subida, como tudo na vida, teve algumas dificuldades”, destacando a beleza de “ver o nascer do sol no Piquinho”.

“Fez-me lembrar o Tabor”, disse.

“Nós não nos esgotamos nas coisas pequenas e banais da vida. Há uma ânsia dentro de nós que nos faz ir sempre mais além, mais alto, amar mais, fazer mais, trabalhar mais, não para nos cansarmos, mas para fazermos este mundo e a vida das pessoas cada vez melhor”, realçou.

“A verdade é que temos cá dentro forças descomunais. Muito para além daquilo que podemos pensar. A vida também é isto. No meio das dificuldades, também temos forças que nos superam”, aludiu o Bispo de Angra e Ilhas dos Açores.

 

O primeiro percurso começou com chuva e durou várias horas para atender ao ritmo dos diferentes participantes, que escalaram os pedregulhos lávicos com vista panorâmica para o oceano.

Na reta final do caminho, comprovando a imprevisibilidade climática dos Açores, o sol reluziu forte, iluminando a rocha negra pontuada com verdura cintilante.

“Toda a terra é sagrada. É a dimensão do poder aqui contemplar a magnificência da criação, essa obra criadora, que se descobre em cada canto. A beleza extraordinária que se estende para lá dessas montanhas e desse mar”, salientou o bispo, falando na cratera do Pico, com as nuvens a seus pés.

Já na homilia da eucaristia,  celebrada na aurora do dia 25, já com os dois grupos juntos, o bispo de Angra disse aos jovens que “subir à montanha é sempre uma aventura, com riscos, com festas, como a vida, e também com esta complementaridade de que todos podemos ser uns para os outros”.

“Apetece dizer, aqui em cima, que bela esta família humana do mundo inteiro”, declarou.

“Queremos construir onde estivermos esta única humanidade. Foi por isso que Cristo deu a vida. E esta proclamação das bem-aventuranças, oxalá pudesse ser a veste que levamos daqui deste dia. Jovens bem-aventurados, isto é, felizes, segundo o pensamento de Jesus Cristo”.

“Vir cá acima, acredito que faremos um mundo melhor lá em baixo, onde a vida se joga todos os dias. Buscai o outro. O isolamento, o egoísmo, o viver para si próprio, acho que não deve ser próprio dos jovens. Continuai a correr a subir montanhas uns com os outros.”

O prelado desafiou também os jovens a “ir contra a corrente”, lembrando que “hoje há pensamentos instituídos, generalizados, iguais para todos”.

“Parece que o mundo quer fazer de todos iguais, fotocópias uns dos outros, de preferência a gastar as mesmas marcas, os mesmos produtos”, disse, apontando a uma afirmação do Papa que diz que os jovens são originais.

“Caros jovens, sede originais. Só um original pode ser protagonista. Os outros são imitadores.”

“Se eu pudesse hoje aqui, (…) recomendar um ‘influencer’ infalível, que sabe sempre o melhor produto, o melhor caminho, a melhor forma para chegar ao alto da montanha, seria Jesus Cristo”, convidando os jovens a “adotá-lo como o grande ‘influencer’ da vida, nem que seja preciso, às vezes vir para sítios onde não há Internet, onde não as teclas não funcionam, para vermos o rosto do irmão, que é o rosto de Cristo.”

Esta missa simbolizou um primeiro envio, que haveria de repetir-se na Terceira e em São Miguel, as duas ilhas que acolheram jovens provenientes do México, Timor, Estados Unidos e Canadá.

Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude visitaram a diocese de Angra em junho de 2022, 12 anos depois, quando se deslocaram aos Açores no contexto da Jornada Mundial da Juventude de Madrid, em Espanha.

 

 

 

 

 

 

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