Com Pe Marco Luciano Carvalho.
A ouvidoria da Horta, na ilha do Faial, procura reerguer-se tentando garantir o dinamismo pastoral que sempre a marcou a par de um enorme esforço financeiro para reconstruir pelo menos quatro igrejas, reconstruídas a partir da primeira pedra.
“O sismo de 98- e já passaram quase 20 anos- marcou muito o dinamismo pastoral da ilha” refere o ouvidor eclesiástico, Pe. Marco Luciano Carvalho em declarações ao Igreja Açores.
A ilha, que tem perdido população, foi muito afectada pelo sismo que assolou o Faial e o Pico no ano de 1998. A maioria das igrejas, a par de um significativo número de habitações, foi destruída total ou parcialmente. O processo de reconstrução ainda hoje decorre. Só no ano passado foi inaugurada a primeira igreja totalmente reconstruída nos Flamengos. Atualmente está em obras a igreja da paróquia do Salão, faltando ainda Pedro Miguel e Ribeirinha.
A reconstrução não foi um processo pacifico nem para quem perdeu as casas nem para a igreja, exigindo um enorme esforço financeiro das paróquias da ilha.
“Isto muitas vezes é esquecido pela diocese e ás vezes até por nós faialenses mas esta realidade tem condicionado a nossa ação pastoral que é muito forte, organizada e dinâmica apesar das dificuldades acrescidas” refere o ouvidor eclesiástico da ilha, Pe. Marco Luciano Carvalho.
Hoje, volvidos 20 anos desde essa calamidade para a qual nem a igreja nem a população em geral estavam preparados, continua o processo de reconstrução agora de olhos postos também na estruturação de alguns sectores da pastoral, como a sócio-caritativa ou a juvenil.
“São dois sectores muito importantes que estão em processo de reestruturação e dinamização”, refere.
Na primeira está o pe. Paulo Silva; na segunda o jovem sacerdote recém chegado Pe. Nelson Pereira.
“Ele está a fazer um esforço muito grande nesse sentido e temos todos uma grande expetativa” referiu ainda deixando um apelo a todos os colegas- 8 sacerdotes servem 13 paróquias e 2 capelanias na ilha- para que não desanimem.
“Temos de continuar a dinamização de todos os sectores; precisamos de uma articulação permanente perante as dificuldades” acrescentou o Pe. Marco Luciano lembrando que o Faial, tal como a generalidade da diocese e do país, tem vindo a conhecer uma diminuição da prática religiosa.
“O nosso principal desafio é fazermos com que haja uma formação dos cristãos e fazermos um esforço grande para que a igreja saia das suas fronteiras e possa fazer o anuncio junto daqueles que estão mais afastados”, sublinhou.
“Temos de dar uma nova palavra ás pessoas que se afastaram da igreja e deixar de lado o nosso caderno de encargos muito marcado por uma religiosidade popular”, disse ainda.
“Temos de procurar dar mais atenção a outras necessidades e seguir o apelo do Papa, tendo em conta uma estrutura e um calendário para que possamos trazer de novo os que se foram embora”, conclui em declarações ao Igreja Açores.
O Pe. Marco Luciano Carvalho, natural de São Jorge, é ouvidor eclesiástico do Faial desde 2006 e acumula este serviço com a presidência do Serviço Diocesano de Liturgia, cuja aposta tem sido numa formação regular e contínua de todos os agentes da pastoral litúrgica com especial destaque para os acólitos, grupos corais e ministros extraordinários da comunhão.
Quando questionado sobre o futuro, o sacerdote garante: “continuar a dar tudo de mim para mantermos um dinamismo pastoral como temos tido nesta ilha”, com particular destaque para a catequese que é “fundamental”.
“A catequese- entregue ao Pe. Bruno Rodrigues- é o grande motor da nossa pastoral e tem de ser. O anuncio de Jesus Cristo na nossa vida é o pilar da nossa ação; é um factor muito forte das nossas comunidades.
A ilha do Faial tem uma forma quase pentagonal e é a sede da Assembleia Legislativa dos Açores, o primeiro órgão da autonomia político constitucional do arquipélago.
O historiador Gaspar Frutuoso afirma que o primeiro povoador da ilha terá sido um eremita vindo do Reino. Este vivia só apenas com algum gado miúdo que na ilha deitaram os primeiros povoadores (em 1432?), e mais tarde, os moradores da ilha Terceira.
No Século XIX , devido à sua posição geográfica e à existência de um excelente porto abrigado no meio do Atlântico a ilha tornou-se um centro de ligação dos cabos submarinos que ligavam a Europa à América.
No início do século XX a ilha do Faial participou nos primeiros passos da aviação.