Pelo Pe. Hélio Soares
O maior desafio das capelas é encontrar uma forma de transmitir e viver a fé refere em entrevista ao Igreja Açores o seu ouvidor, o recém nomeado Pe. Hélio Soares.
“Antes tínhamos as famílias que eram o primeiro lugar da transmissão da fé; hoje sabemos que isso não acontece e, por isso, a nossa responsabilidade é redobrada” refere o sacerdote que tem uma outra preocupação: as dependências que afectam os jovens da ouvidoria.
“O maior desafio é a transmissão da fé. Saber fazê-lo adequadamente atendendo a cada realidade concreta, sempre de olhos postos nos mais jovens que precisam ser acompanhados” refere o sacerdote que além de ouvidor é pároco das Capelas e de São Vicente Ferreira, duas das oito paróquias da ouvidoria.
“Na nossa ouvidoria temos um foco de dependências transversal a todas as paróquias e que atinge a juventude. Está aos olhos de todos e julgo que todos têm consciência disso, mas não sabem como atuar”, refere o Pe. Hélio Soares que sugere a constituição de equipas que reúnam entidades públicas e privadas de forma a discutir, refletir e definir estratégias para o combate a este flagelo.
“Do ponto de vista das instituições há muitas respostas sociais a problemas graves, mas a faixa etária entre os dez e os vinte e poucos anos está muito entregue a si própria, sem perspetivas de vida e isso empurra-os para caminhos que não são os melhores” refere ainda.
“Há grupos de jovens que deambulam pelas nossas freguesias na mesma rotina, diariamente, sem objectivo de vida. Este é um grande desafio para toda esta comunidade”, precisa o jovem sacerdote jorgense.
A ouvidoria das Capelas possui oito paróquias e 10 lugares de culto. No ativo tem 6 padres mas dois deles estão aposentados, embora continuem a ajudar especialmente no serviço litúrgico.
Apesar das diferenças entre as paróquias- um grupo de paróquias dormitório, de características mais urbanas, e outro de características mais rurais-, a ouvidoria é rica em movimentos de apostolado. Cáritas, Escuteiros, Legião de Maria, Cursilhos de Cristandade, Comunidades Neocatecumenais; Liga Intensificadora Missionária, Apostolado de Oração… não faltam movimentos na ouvidoria “e todos muito empenhados”, reconhece o sacerdote.
Só na catequese existem cerca de 800 crianças e jovens e 120 catequistas, mas o sacerdote quer ainda mais: “temos de ser criativos na forma como ensinamos e garantimos a transmissão e a vivência da fé” refere, mais do que uma vez, como o grande desafio que tem pela frente. Sempre em comunidade; sempre em comunhão com colegas e leigos mais comprometidos, adianta.
“Do ponto de vista das comunidades vou continuar a promover uma pastoral de conjunto, em cooperação intima com os colegas e envolvendo os leigos mais comprometidos, com uma visão mais eclesial da igreja para continuarmos esta missão da igreja”, acrescenta, sublinhando o papel dos sacerdotes.
“O pároco continua a ser o elo de ligação entre as famílias. Os leigos fazem o seu trabalho mas o padre continua a ser a grande referência” adianta lembrando que é “ao pastor que compete guiar e orientar o rebanho” e para isso é preciso garantir sempre “a proximidade”.
“Às vezes é difícil tal é o número de solicitações mas temos de ser versáteis na forma como acolhemos. Todos precisam de nós e nós precisamos de todos” refere o Pe Hélio Soares.