Disponibilidade e vontade para caminhar em conjunto é a promessa que fazem os responsáveis locais da Igreja Açoriana a D. Armando Esteves Domingues na véspera da entrada solene na diocese. Missa da Sé terá transmissão em direto na RTP Açores e aqui no Sítio Igreja Açores a partir das 17h00 deste domingo
“Esperança”, “alegria”, “disponibilidade”, “esforço” e “caminho” são as palavras mais repetidas pelos principais responsáveis eclesiásticos da igreja insular ,de Santa Maria ao Corvo. Ouvidos pelo sítio Igreja Açores na véspera da entrada solene do novo bispo de Angra, D. Armando Esteves Domingues, este domingo, dia 15, na Catedral, às 17h00, os ouvidores eclesiásticos das 17 ouvidorias falam de “um tempo novo”, marcado pela “esperança e pela alegria” de “caminhar” com o novo bispo, “um pastor de coração à larga”.
“É um dom que nos foi dado e a partir das palavras que nos dirigiu, bem como as referências que temos ouvido, julgo que vai ser a pessoa certa para este tempo. Ao demonstrar a disponibilidade para conhecer e viver de forma generosa na nossa diocese, demonstra um coração aberto. Havendo este coração à larga temos de estar disponíveis para caminhar juntos com ele. Esta igreja tem de ser uma espaço onde todos se sintam bem, acalentados com o Evangelho”, refere o padre Emanuel Valadão Vaz, ouvidor da Praia da Vitória.
“Para a Igreja em geral, que está nos Açores, a expectativa é grande. Quando há mudança, há entusiasmo e recomeço para levar por diante esta missão. Vejo, por isso, com muita esperança a sua chegada; vai ser um ponto congregador para entusiasmar todos os que fazem a experiência da fé” acrescenta o padre Ricardo Henriques, ouvidor de Angra, a sede diocesana.
“Naturalmente que se espera que seja possível uma mobilização geral para chegar aos que estão de fora, que cada vez são mais e vivem uma experiência de fé muito sui generis. Isto configura um futuro não sem dificuldades mas marcado pela esperança”, afirma ainda o ouvidor de Angra.
Também de Santa Maria surgem palavras de “esperança” de um “diálogo comunicativo”.
“Que esta novidade, que nos encheu de alegria e esperança, nos faça crescer e amadurecer na fé cristão e que, de mãos dadas, possamos fazer caminho da fé, aliviar cansaços, partilharmos sonhos e todos juntos sermos uma diocese”, referiu o padre Rui Silva.
“Em Santa Maria estamos habituados a não ter multidões e por isso precisamos de desbravar novos caminhos de fé” acrescentou o ouvidor da primeira ilha a ser povoada nesta diocese “ ainda tem muito caminho a fazer em termos de fé”.
“Gostaria de pensar na palavra esperança; depois entusiasmo, que já provocou tantos e impulsionou tantas iniciativas para a sua tomada de posse, e que se prolonga no trabalho e na fraternidade e por fim o esforço que todos possamos fazer para rumarmos na missão…. Que esta esperança, este entusiasmo e este esforço possa trazer resultados bons” adiantou ao Igreja Açores o padre José Alfredo Borges, ouvidor de Vila Franca do campo, a primeira capital da ilha de São Miguel.
Do Corvo chega a expectativa de uma ilha “com dificuldades” mas também “com desejos” de caminhar com “um pastor de coração aberto”.
“É uma grande alegria para toda a diocese receber a cabeça da Igreja local: um homem próximo, atualizado com os problemas dos dias de hoje. Temos de ter tempo para nos conhecermos, mas no primeiro contacto consola-me, e deve consolar-nos a todos, ter um bispo de coração aberto”, refere o padre Aurélio Sousa, recentemente colocado no Corvo.
É também de tempo que fala o padre Hélio Soares, da ouvidoria das Capelas.
“Precisamos de tempo para conhecer conhecer e dar-nos a conhecer; esperar acolhimento , capacidade de nos escutar, partilhando ideias, reconhecendo que ele é o sucessor dos apóstolos e depois, em conjunto, definirmos o projecto da diocese, sempre no respeito por cada realidade geográfica” refere o sacerdote em declarações ao Igreja Açores.
“Temos uma missão em comum: será importante valorizarmos os movimentos eclesiais e a pastoral da cultura, neste contexto da caminhada sinodal da Igreja”, esclarece ainda.
Das Flores chegam as expectativas “ que seja o pastor que use o báculo para conduzir o seu rebanho; ensine e guie na verdade do evangelho, e que una na sua amizade” diz o ouvidor das Flores, padre Nuno Fidalgo.
“Fazemos votos de que seja um homem humilde que não se agarre ao poder e que saiba ensinar-nos a beleza do serviço” refere o jovem sacerdote.
“O novo bispo que chega é uma oportunidade de realizarmos um caminho conjunto; da nossa parte como cristãos devemos ter a abertura para acolher aquilo que o D. Armando tem para nos ajudar neste processo; é muito bom perceber da parte dele a abertura e a disponibilidade para caminhar e estar connosco, como pastor e como guia” acrescenta o padre Marco Luciano Carvalho.
“Temos muitos problemas, que têm de ser enfrentados; todos fazemos parte da solução com todos. Ninguém está dispensado deste caminho; todos temos de nos sentir responsáveis para colaborar na construção deste caminho: os problemas existem, estão identificados, não nos podemos resignar, sabendo que o reino se faz e cresce com cada um que dá testemunho e dá a vida” acrescenta o ouvidor da Horta, ao deixar um alerta: “o importante é não colocarmos a tónica num caderno de encargos para dar ao senhor Bispo, cientes de que o caminho só se faz connosco e com cada um, exigindo uma abertura e uma colaboração de todos”.
“Que o novo bispo seja um pastor, olhe para a nossa realidade concreta, que esteja connosco e nos oriente e nos ajude a caminhar neste momento da nossa vida e da nossa diocese” enfatizou ainda o padre Manuel das Matas, ouvidor em São Jorge.
“É uma nova etapa, com uma pessoa diferente e nova que já anunciou que quer caminhar connosco com o Evangelho”.
“A chegada do novo bispo é um sinal de esperança, um novo alento; será, por isso, uma alegria que todos juntos possamos caminhar no respeito das nossas diferenças” afirmou ainda em declarações ao Sítio Igreja Açores ao sublinhar que a questão da evangelização é prioritária, diz o ouvidor da Povoação, padre André Resendes.
“Empatia” e “afectos” é o que o padre Carlos Simas espera do novo pastor, lembrando o exemplo de D. António de Sousa Braga, que faleceu este ano, e que ordenou mais de cinquenta sacerdotes em 20 anos, marcado pelo menos duas gerações da Igreja Açoriana.
O ouvidor da Graciosa, padre Júlio Alexandre Rocha, o “serviço” e a formação” são os principais desafios.
“Mais do que expectativas o que eu e os meus colegas na Graciosa queremos é não defraudar as expectativas que ele possa ter por nós como pastores”, afirmou em declarações ao Sítio Igreja Açores.
“Estamos ao serviço dos projectos que ele trouxer e estamos com este desafio de fazer o que Deus quer através das suas orientações” sublinhou lembrando que a formação dos leigos é um “desafio importante”.
“A vinda do novo bispo deve ser encarada com alegria por termos um novo bispo depois de um ano de sede vacante”, mas é também “um momento de esperança” pois trata-se da chegada de “uma nova figura que vem como cabeça visível da Igreja”, afirma o ouvidor do Pico, padre Marco Martinho.
“Colocamos as nossas esperanças no senhor Bom Jesus para que através deste instrumento que é D. Armando possa ser operada uma renovação da nossa Igreja”, refere em declarações ao Igreja Açores.
O sacerdote, que é também reitor do Santuário do Senhor Bom jesus Milagroso, do Pico, pede ainda a todos os cristãos que se “comprometam” neste caminho de renovação da Igreja açoriana.
Também de Ponta Delgada, a maior ouvidoria da Igreja diocesana surgem desafios: “O desafio da evangelização é sempre prioritário mas não nos podemos esquecer que nos Açores há um problema contra a qual temos de lutar sem tréguas: a pobreza” refere o sacerdote, apontando prioridades da Igreja deste tempo.
“A pobreza gera grandes desigualdades às quais a Igreja, presente no mundo, tem de saber dar resposta e, para isso, precisa de ter cristãos comprometidos no meio das estruturas temporais e esse é um déficit que temos nos Açores”, refere ainda deixando o apelo ao novo bispo que tome estes desafios como prioritários. No que toca ao sector que dirige, a pastoral familiar, indispensável à evangelização, o sacerdote, decano do Colégio de Consultores, lembra que uma pastoral familiar ativa e forte tem como resultado “uma Igreja presente no mundo”.
“O momento é de unidade” refere o ouvidor da Ribeira Grande, padre Vítor Medeiros, destacando algumas das ideias deixadas na primeira mensagem à diocese por D. Armando Esteves Domingues.
“A ideia que fica é a de que vem com esta vontade de nos encontrar, de vir ao nosso encontro; esta proximidade e desejo de diálogo faz-nos pensar no nosso pastor como um pai carinhoso que quer caminhar connosco não impondo as suas opções, mas querendo escutar-nos e isso é bom” porque convoca a uma espera “com alegria e esperança”, diz o sacerdote lembrando que apesar da diocese “não ter parado” no último ano, é “preciso inovar”.
D. Armando Esteves Domingues entra na diocese este domingo, numa celebração que começa às 16h00, junto à Igreja da Misericórdia de Angra; segue depois em cortejo processional pelas ruas Direita e da Sé, em Angra do Heroísmo, e na Catedral celebrará pela primeira vez. Além do clero das diferentes ilhas, a cerimónia de entrada do novo bispo contará com a presença de 17 bispos diocesanos, auxiliares e eméritos, da Conferência Episcopal Portuguesa bem como sacerdotes das dioceses continentais onde serviu de forma mais próxima nomeadamente Viseu e Porto, bem como da sua diocese de nascimento, Portalegre- Castelo Branco.
Durante a celebração, que contará com a participação das autoridades civis e militares da Região, cada ouvidoria oferecerá ao bispo de Angra um dom representativo de cada canto dos Açores. A celebração começará com a saudação inicial do novo bispo; segue-se uma palavra do pároco da Sé, ex administrador diocesano e depois a leitura da Bula do papa com a nomeação do prelado residencial.
- Armando Esteves Domingues é natural de Oleiros e antes de ser nomeado bispo de Angra era bispo auxiliar do Porto, desde 2018.