Ouvidor da Povoação pede ao novo sacerdote que seja um padre “do amor, da esperança e do coração”

Pe. Ricardo Pimentel proferiu a homilia da Missa Nova do recém ordenado Pe. Nuno Fidalgo, nas Furnas

O Pe. Nuno Fidalgo celebrou a sua missa nova no passado domingo nas Furnas, na ilha de São Miguel, um dia depois de ser ordenado, e deixou ao seu padrinho de ordenação o encargo da homilia da celebração, rompendo com a prática dos últimos oito sacerdotes ordenados na diocese.

A partir do evangelho de Marcos Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura (Mc 16,15), o Pe. Ricardo Pimentel, ouvidor da Povoação e pároco das Furnas, desafiou o seu afilhado a ser “um padre do amor num mundo que já se esqueceu o que é amar”; a ser “ um padre de esperança num mundo que vive em desespero” e a ser “um padre com coração num mundo que já o perdeu”.

“Só o amor vale, só o amor dá sentido à vida, só amando nos realizamos. Sem amor não há vida, não há cristianismo, não há santidade. Fora da esfera do amor não se vive, vegeta-se” afirmou.

O sacerdote elencou algumas das dificuldades do sacerdócio- a solidão, o sentido do sofrimento e o sentimento de inutilidade (sobretudo quando não há reciprocidade entre o empenho do sacerdote e a colaboração dos fieis)- lembrando que o grande desafio que se coloca hoje a um presbítero é “continuar a acreditar no fundamento do “Sim” dado na Ordenação Sacerdotal”, mesmo diante das incompreensões e da indiferença das comunidades.

“Uma das experiências mais duras da vida Sacerdotal é continuar a acreditar no fundamento do “Sim” dado na Ordenação Sacerdotal, mesmo quando parece que não vale a pena, mesmo quando as comunidades permanecem indiferentes” disse o Pe. Ricardo Pimentel, lembrando que,  mesmo assim, é preciso que o sacerdote se lembre o que tem de fazer : anunciar a boa nova, a “boa notícia, não um role de condenações ou de orientações morais”.

“O Padre não é convidado a anunciar-se nem a si mesmo nem às suas conquistas, mas a anunciar uma palavra que lhe roubou o coração, a anunciar aquele Jesus que o convenceu e seduziu, a anunciar aquele Jesus que o ligou a Si para toda a vida. Mesmo quando os outros não acreditam”, explicitou o sacerdote.

“Querido Padre Nuno, repara como Jesus não nos diz: organizai, coordenai, governai, contabilizai, ocupai postos de liderança,…(estes verbos continuam, infelizmente, conjugados exaustivamente pela Igreja ainda nos dias de hoje), mas simplesmente ANUNCIAI! Como estamos longe de cumprir o que Jesus nos pede…”, interpelou o pároco das Furnas.

Numa homilia, preparada “com muita emoção e coração”, o sacerdote abordou o tema do celibato, que “não anula as nossas faculdades afetivas”;  para falar do “verdadeiro amor”; da solidão que deve evitar e do acolhimento que deve ser abrangente e tocar a todos.

“Caro Nuno, o celibato pede-te que alargues o coração até aos limites do mundo. Não te encontres com celibatários. Acolhe a todos, sem fazeres qualquer acepção: aquela vizinha idosa, os noivos com quem te encontras, os adolescentes que andam à procura de si, aquele que já perdeu toda a esperança da sua recuperação…Abre-te sem qualquer preconceito aos problemas do mundo. Procura cultivar amizades saudáveis e sólidas” afirmou o Pe. Ricardo Pimentel.

Na Missa Nova celebrada na igreja onde foi batizado e onde cresceu para a fé e para o sacerdócio, o jovem Pe. Nuno Fidalgo agradeceu a todos os que o acompanharam neste percurso formativo, marcado por alguns sobressaltos que o fizeram inclusivamente abandonar o Seminário durante um ano. Esta Missa Nova contou com a participação dos colegas de Seminário e de muitos sacerdotes jovens.

 

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