Ouvidor da ilha Terceira pede criatividade e atenção na ajuda aos mais pobres

Pe António Henrique Pereira presidiu às comemorações dos 90 anos da Conferência Vicentina de Santo Amaro

O assistente da Conferência Vicentina de Santo Amaro, na Ribeirinha, ilha Terceira, que é também o ouvidor da ilha, lamentou, este domingo,  que “ainda existam comunidades sem  qualquer tipo de serviço organizado na ajuda aos mais carenciados” e pediu mais empenho e criatividade na luta contra a pobreza.

 

“Perante as necessidades dos homens e mulheres que vivem à nossa volta o verdadeiro cristão não pode ficar indiferente, fazendo de conta que não é nada com ele”, frisou o sacerdote.

 

“Temos consciência que será muito difícil acabar com a pobreza, porque enquanto houver injustiças, exploração, ganancia eegoísmo, da parte do homem, haverá sempre pessoas e irmãos nossos com necessidade”.

 

No entanto, lembra o Pe António Henrique Pereira “todos e cada um devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que seja prestado auxilio aqueles que dele precisam”.

 

O sacerdote, que falou sobre o papel do Padre Vicentino, dentro de uma comunidade, lembrou que a caridade é, porventura, o pilar da pastoral mais “esquecido” e por isso cabe ao pastor “incutir nos fieis” esse valor que, a par da liturgia e da catequese, “são fundamentais” na ação cristã.

 

O sacerdote deixou, ainda,  o alerta para as comunidades que estão atentas ao fenómeno para não se esgotarem “no assistencialismo” e promoverem “o crescimento humano”.

 

“O serviço aos mais pobres exige atenção demorada e criativa. Implica proximidade e escuta. Necessita de persistência e de aprendizagem. Procura respostas novas para problemas diferentes e para pessoas concretas, únicas e irrepetíveis. É necessário ir ao coração dos problemas sociais para proteger os mais frágeis e promover a sua dignidade”, esclarece o sacerdote.

 

“A pobreza não é uma fatalidade nem pode ser uma tirania a subjugar os mais frágeis ou desprotegidos. A Conferência Vicentina nunca deverá deixar esgotar na sua missão nem extinguir em cada um de nós a generosidade e a caridade ao serviço dos mais pobres”, conlui o Pe António Henrique Pereira.

A conferência vicentina de Santo Amaro foi criada há 90 anos, por um grupo de senhoras, sob a orientação do Padre José Rosa Dutra, todos lembrados e homenageados na sessão solene que decorreu este domingo.

 

Lurdes Lima, presidente da Conferência lembrou alguns aspetos históricos da ação destas “pioneiras” da caridade no lugar de Santo Amaro, na paróquia da Ribeirinha, “senhoras generosas que tinham o sentido do outro”.

“Começaram por adotar dois pobres, cuja esmola era de 5,000 reis. Além da ajuda material tinham também a preocupação da ajuda espiritual, que se traduzia nas visitas que efetuavam”, destacou a dirigente.

 

Algumas das homenageadas emigraram para o Brasil e para os Estados Unidos mas não perderam o contato com a terra natal, para onde enviavam ajuda diversa “sacas de roupa e dinheiro” adiantou, ainda, Lurdes Lima, concluindo que “só obreiras da caridade, movidas pelo amor a Jesus Cristo, conseguiram levar a cabo tão nobre missão, com grande sentido do próximo, manifestando assim a sua fé, porque tinham a noção de que essa mesma fé sem obras era uma fé morta.”.

 

A dirigente lembrou que hoje, os tempos “são outros” tal como “as dificuldades”.

“Infelizmente, e devido á actual conjuntura socio-económica em que vivemos, hoje há mais pobreza. Todos estamos mais pobres, pelo que o número de pessoas que nos solicitam ajuda, não para de crescer”, ressalvou.

 

Atualmente esta conferência presta auxilio a 40 familias, de forma sistemática e mensal, desde o fornecimento de bens de primeira necessidades, em colaboração com o Banco Alimentar e com a Cáritas, a outro tipo de ajuda financeira, nomeadamente no pagamento excecional de despesas domésticas ou de saúde.

A presidente do Conselho Central dos Vicentinos, na Terceira, Carmelo Alves, referiu-se ás dificuldades do moviemnto em encontrar pessoas que tenham tempo, “o que nem sempre é fácil”. Ainda assim, sublinhou, o desafio que é “estabelecer critérios de justiça e equidade na repartição dos bens que nos confiam”, garantindo que esta ajuda seja distribuída de forma “responsável e justa”.

 

Scroll to Top