O Papa associou-se hoje à celebração do II Dia Internacional da Fraternidade Humana, alertando para a necessidade de superar cenários de conflito e a “indiferença” perante o sofrimento alheio.
“Ou somos irmãos ou tudo se desmorona, vemos isso nas pequenas guerras, nesta terceira guerra mundial aos bocados, como os povos são destruídos, como as crianças não têm o que comer, como a educação cai… É a destruição. Ou somos irmãos ou tudo se desmorona”, advertiu, numa mensagem em vídeo, divulgada pelo Vaticano.
Esta jornada internacional é convocada pela ONU, evocando a data de assinatura do documento sobre a Fraternidade Humana, a 4 de fevereiro de 2019, pelo Papa e o grande imã de Al-Azhar, em Abu Dhabi.
“Hoje, repito, não é tempo de indiferença: ou somos irmãos ou tudo se desmorona”, assinalou o pontífice.
Francisco destacou que, nestes anos, cresceu a consciência da necessidade de “construir a fraternidade como barreira contra o ódio, a violência e a injustiça”.
“A fraternidade é um dos valores fundamentais e universais que devem ser a base das relações entre os povos, para que aqueles que sofrem ou são desfavorecidos não se sintam excluídos e esquecidos, mas acolhidos, apoiados como parte da única família humana. Nós somos irmãos”, apontou.
Todos, partilhando sentimentos de fraternidade uns pelos outros, devemos promover uma cultura de paz, que encoraje o desenvolvimento sustentável, a tolerância, a inclusão, a compreensão mútua e a solidariedade”.
O Papa evocou as lições da pandemia e sublinhou que “ninguém se pode salvar sozinho”, sublinhando o papel das religiões na construção da paz e da solidariedade.
“Todos nós vivemos sob o mesmo céu e, em nome de Deus, nós, que somos suas criaturas, devemos reconhecer-nos como irmãos e irmãs”, sustentou.
A mensagem fala em”sinais ameaçadores, tempos sombrios e lógica do conflito”, convidando os crentes a responder com “o sinal da fraternidade”, acolhendo o outro e respeitando a sua identidade.
“Não iguais, não, irmãos, cada um com a própria personalidade, com a sua própria singularidade”, precisou.
Francisco e o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, associam-se ao II Dia Internacional da Fraternidade Humana, num evento que o Vaticano e os Emirados Árabes Unidos promovem para esta data, na Expo Dubai, a ‘Mesa Redonda para a Fraternidade Humana e a Aliança Mundial para a Tolerância’.
Al-Tayyeb agradeceu, na sua mensagem, aos que trabalham pela paz, apesar dos obstáculos da pandemia.
“Esta celebração significa a busca de um mundo melhor, em que prevaleça o espírito de tolerância, fraternidade, solidariedade e colaboração”, indicou.
O líder da instituição sunita evocou as pessoas vulneráveis do mundo de hoje, “vítimas do materialismo moderno” e do “egoísmo excessivo”.
“Embarcamos nesta jornada na esperança de um mundo novo, livre de guerras e conflitos, onde os temerosos e os pobres sejam tranquilizados e apoiados, os vulneráveis protegidos e a justiça administrada”, refere o grande imã de Al-Azhar.
O responsável islâmico evoca a declaração assinada em 2019, com o Papa, que visava superar “preconceitos e conflitos que muitas vezes levam a derramamento de sangue e guerras”.
A iniciativa conta ainda com uma mensagem do presidente dos EUA, Joe Biden.
A Santa Sé está representada pelo cardeal Ayuso Guixot, presidente do Conselho Pontifício para o diálogo inter-religioso, numa iniciativa organizada conjuntamente pelo Ministério da Tolerância e Coexistência dos Emirados Árabes Unidos e do Alto Comité para a Fraternidade Humana, com o apoio da Santa Sé e da Universidade de Al-Azhar, a mais prestigiada instituição do Islão sunita.
A principal celebração é realizada no ‘Pavilhão da Sustentabilidade’.
(Com Ecclesia)