A mensagem é do Pe Jorge Ferreira, estudante de Liturgia em Roma, na Universidade de Santo Anselmo
O estudo e o aprofundamento dos conhecimentos teológicos “são importantes” mas “não podemos perder a dimensão humana e espiritual” que está subjacente à missão pastoral de um sacerdote, disse ao Sítio Igreja Açores o Pe Jorge Ferreira, que se encontra a estudar em Roma há ano e meio.
A conjugação destes dois aspetos é, porventura, para este padre da Diocese de Angra, natural da Fazenda, Nordeste, na ilha de São Miguel, o grande desafio, sobretudo para quem está fora de casa.
“Quem estuda ciências teológicas sabe que tem de ser capaz de relacionar tudo e não esquecer esta síntese entre aquilo que são os conhecimentos teológicos, a experiência do dia a dia e a relação com os outros”, disse ao Sítio Igreja Açores o Pe Jorge Ferreira, um dos seis portugueses que atualmente residem no Pontíficio Colégio Português, em Roma.
“Não é fácil chegarmos e habituarmo-nos logo”, reconhece o sacerdote sublinhando alguns obstáculos que se colocam à chegada ao novo destino, a cidade eterna, desde a língua à diversidade de proveniências.
“É um desafio constante em que somos postos à prova a todo o momento”, mas “é isso que torna este caminho tão aliciante”, particularmente “a vivência do dia a dia com pessoas de origens tão diversificadas”.
Por exemplo no Colégio português residem 30 estudantes, seis são portugueses, os restantes vêm dos países de língua oficial portuguesa, ou da Coreia, “mas todos nos entendemos e aprendemos uns com os outros e essa é uma rqiueza que está para além do estudo, que é naturalmente a nossa primeira prioridade”, diz o Pe Jorge Ferreira. Um quadro que se repete na Universidade em que estuda- Universidade de Santo Anselmo- onde só estão quatro europeus no seu ano académico, embora nenhum seja oriundo de uma ilha.
“Fazem-me essa pergunta muitas vezes: como é viver numa ilha? embora conheçam os Açores” diz este sacerdote estudante de Liturgia destacando as diferenças entre ser “pastor numa comunidade paroquial de São Miguel e ser estudante em Roma… não tem nada a ver uma coia com a outra. Diria mesmo que entre estes dois mundos vai uma distância abissal”.
E nem era preciso muito mais. Bastava saber que para se deslocar todos os dias para a Universidade, o Pe Jorge Ferreira tem de sair de casa mais de uma hora antes do inicio das aulas e apanha dois tansportes.
“Mas é uma experiência que não trocava de maneira alguma”.
De olhos postos no regresso à Diocese, depois de completada a formação em Liturgia, o Pe Jorge Ferreira espera poder vir a ser útil no Seminário de Angra, para “ajudar na formação dos futuros padres”.
“Na liturgia nós celebramos aquilo em que acreditamos e acreditamos em tudo o que celebramos” afirma sinteticamente sublinhando a essencia desta tarefa que o leva de uma forma apaixonada a estudar, perceber e relatar o conexto histórico e teológico de toda a vida da igreja.
“O trabalho não é fácil porque temos de saber para além do italiano o latim e sermos capazes a todo o instante de traduzir na hora um texto mais complexo. A exigência e complexidade não tem nada a ver com tudo aquilo que ficou para trás”, acentua o sacerdote que de forma entusiástica reconhece que os tempos “são outros”, embora nem sempre “todos concordem com o Papa Francisco”, sobretudo os Romanos que estão divididos no aplauso ao chefe da Igreja Católica.
A Diocese de Angra tem mais um sacerdote a estudar neste momento em Roma. O pe Dinis Silveira, natural da ilha Terceira, com 32 anos, estuda Direito Canónico(3ºano) na Universidade Gregoriana.